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Julgamento de Flordelis - FOTO: BRUNNO DANTAS/TJRJ
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quinta-feira 10 de novembro de 2022 às 13:50h

Depoimentos foram simulados para inocentar Flordelis, diz neta

JUSTIÇA, NOTÍCIAS


Rebeca Vitória Rangel Silva, segunda testemunha de acusação a falar no quarto dia do julgamento de Flordelis e outros réus pela morte do pastor Anderson do Carmo, afirmou nesta quinta-feira (10) conforme o portal g1, que foram feitos depoimentos simulados para inocentar Flordelis.

Segundo ela, as simulações foram feitas antes dos depoimentos na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí. Rebeca afirmou que “todo mundo prestou depoimento apoiando a Flordelis” e descreveu como isso acontecia:

“Se alguém dissesse: ‘Para mim, realmente a Flordelis foi a mandante do crime’, respondiam: ‘Não, isso você não pode falar’, e tinha que falar: ‘A Flordelis não foi a mandante do crime’. Diziam: ‘Tem que falar a favor da Flordelis’”, comentou Rebeca.

Antes de Rebeca, falou Roberta dos Santos, filha afetiva de Flordelis. Assim como Rebeca, Roberta pediu para que Flordelis não estivesse presente no depoimento.

Terceiro depoimento

Erica dos Santos de Souza, filha adotiva de Flordelis, foi a terceira a prestar depoimento. Ela contou que Rayane, ré acusada de envolvimento na morte do pastor Anderson, perguntou para ela sobre um possível contato de algum criminoso. Rayane, segundo ela, não disse o motivo da pergunta.

“Ela perguntou: ‘Você teria o contato de algum bandido?’. Eu disse que não, e ela disse: ‘É só para fazer um trabalho para mim’. Como o Lucas era envolvido (com o tráfico de drogas), eu pensei que era para poder dar um jeito no Lucas”, comentou.

Lucas Cézar dos Santos foi condenado a sete anos e meio de prisão por ajudar Flávio dos Santos a conseguir a arma que foi utilizada para matar o pastor Anderson do Carmo.

Flordelis ‘soberana’

Roberta, primeira testemunha da quinta-feira, afirmou que tudo que acontecia na casa tinha a permissão da pastora e ex-deputada federal. e, perguntada se Flordelis mandou matar Anderson, respondeu: “Com certeza”.

“Ela era soberana de tudo na casa, e só aconteceu tudo porque ela permitiu que acontecesse.”

Roberta afirmou que, quando chegou à casa de Flordelis após o crime, a mãe estava “em completo alívio”.

A testemunha disse que não foi ao enterro e contou que chorou a morte do pai adotivo ao lado de Rayane — que, segundo ela, participou do plano para matá-lo.

“Eu vi o corpo do Niel [Anderson] naquele caixão, e teve gente que está aqui hoje que chorou comigo que eu nem desconfiava, mas estava fazendo parte do plano. Rayane foi a minha amiga de infância. Eu não conseguia nem desconfiar”, disse ela, emocionada.

Roberta ainda contou que foi procurada por uma outra filha afetiva de Flordelis, Erica, um mês depois do assassinato.

“Ela disse: ‘Eu acho que eu sei o que aconteceu. A Rayane me procurou e me pediu indicação de um bandido bom, mas eu não dei, até porque eu nem conhecia’. Aí aconteceu o assassinato do Niel, e ela deduziu que tinha sido para isso.”

Abuso sexual

Questionada pela acusação se sabia de algum episódio de abuso sexual cometido pelo pastor Anderson do Carmo, Roberta dos Santos negou. A tese é sustentada pela defesa de Flordelis como o motivo principal para o assassinato da vítima.

“Nunca vi abuso dentro daquela casa. O Niel (nome de Anderson na família) não era um abusador. É um deboche contra as mulheres que realmente sofrem abuso sexual. É uma afronta”, irritou-se a testemunha. Segundo ela, o pastor não permitia roupas curtas ou que expusessem o corpo das meninas e mulheres da casa.

“Niel não permitia que andasse de biquíni e short curto dentro de casa, porque tinha muito homem dentro daquela casa”, comentou.

Testemunhas de defesa

Thayane Dias foi a primeira testemunha de defesa ouvida no julgamento nesta quinta-feira. Ela disse que foi levada para a casa de Flordelis e Anderson pelos pais biológicos quando ambos ainda moravam no Jacarezinho, na Zona Norte do Rio.

Ela ainda negou que Flordelis sequestrasse crianças para criar com sua família:

“As mães sempre vinham para deixar com a Flor. Nos 28 anos vivendo com ela, eu nunca a vi roubar nenhuma criança. “

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