Dendezeiros de um lado, dendezeiros do outro: como é o nome dessa avenida em Salvador?

E no meio dela, um bonde elétrico. Sabia que a primeira linha dele, inaugurada em 1897, ligava a Calçada ao Bonfim e passava pela Avenida Dendezeiros?

Mas antes da chegada dos bondes elétricos, os bondinhos já circulavam em Salvador puxados por animais, desde a metade do século XIX. E existia uma linha entre o Campo Grande e o Rio Vermelho com um trem a vapor.

Mas não pensem que o serviço era uma maravilha: a população reclamava muito e na década de 30 aconteceu um protesto violento que incendiou e danificou vários bondes nas ruas da cidade: o Quebra-bondes.

Só nos anos 40 e 50 os bondinhos cresceram em qualidade e conforto. Novos veículos foram adquiridos e muitas ruas foram calçadas com paralelepípedos, melhorando a circulação dos bondes na Barra, Graça, Canela, Campo Grande, Praça da Sé, Tororó, Nazaré, Barris, Barroquinha, Baixa dos Sapateiros, Santo Antônio Além do Carmo, Barbalho, Soledade, Lapinha, Ribeira, Rio Vermelho, Amaralina e Brotas.

A partir de 1955, os bondes começaram a ser substituídos por ônibus. O transporte sobre trilhos não resistiu ao avanço do transporte com pneus. Esse modelo foi propagado pelos EUA no pós-guerra e determinou o fim dos nossos trens e bondes na década de 60. Um grande erro estratégico para o Brasil pois um país com dimensões continentais, como é o nosso, não poderia deixar de investir no transporte sobre trilhos. As provas disso estão aí nas ruas das grandes cidades brasileiras, todas com graves problemas de mobilidade. E estão também nas nossa estradas regionais e nacionais, sempre com graves problemas de manutenção e alto índice de acidentes. Além disso, o transporte de mercadorias através de caminhões é muito caro e ineficiente, causando elevação no preço de todos os produtos transportados de norte a sul.

O Brasil deveria ter trilhos de trem ligando todos os estados, todas as cidades. E dentro delas, deveria ter trilhos de transporte urbano como modal principal. As nossas cidades teriam outra qualidade de vida, com certeza.

(Pesquisa e texto: Louti Bahia – Amo a História de Salvador. Foto: Coleção Siemens-Museum)