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terça-feira 6 de setembro de 2022 às 08:43h

Demora para atendimento e falta de cobertura: os 10 principais problemas da saúde pública e privada no Brasil

NOTÍCIAS, SAÚDE


Demora para conseguir consulta, exame ou cirurgia no Sistema Único de Saúde (SUS). Na saúde privada, não há cobertura para exames e cirurgias. Esses são os principais problemas da saúde no Brasil de acordo com uma pesquisa realizada pelo Ipec a pedido do jornal O Globo, para identificar a percepção dos brasileiros acerca dos principais problemas do país. O levantamento ouviu 2 mil internautas com 16 anos ou mais das classes A, B e C, entre os dias 20 e 27 de julho.

A pesquisa revela que os gargalos da saúde não afetam não apenas aqueles que dependem do sistema público, como as pessoas que pagam um plano de saúde esperando ter um atendimento melhor. Por outro lado, também fica evidente que há muita diferença entre as principais queixas dos usuários dessas duas esferas.

Confira abaixo quais são os cinco principais problemas da saúde pública no Brasil, de acordo com os usuários do SUS.

  1. Demora para conseguir consulta, exame ou cirurgia
  2. Superlotação de hospitais, emergências e pronto-atendimentos
  3. Falta de leitos em hospitais, emergências e pronto-atendimentos
  4. Falta de medicamentos
  5. Infraestrutura defasada, equipamentos antigos, de baixa qualidade

Confira abaixo quais são os cinco principais problemas da saúde privada no Brasil, de acordo com os usuários dos planos de saúde.

  1. Baixa cobertura de procedimentos, como exames e cirurgias
  2. Rede de médicos limitada
  3. Rede de hospitais limitada
  4. Demora para conseguir consulta, exame ou cirurgia
  5. Valor de reembolso baixo

Entre as cinco principais queixas dos usuários dos dois sistemas, apenas uma se repete: a demora para conseguir atendimento para consulta, exame ou cirurgia. Entretanto, enquanto ela aparece como o principal problema no SUS, apontado por 44% dos usuários, ela ocupa a quarta posição no sistema privado, com 29% das respostas.

Para Ligia Bahia, médica e professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), embora haja reclamações semelhantes nos dois sistemas, chama a atenção que as reclamações principais sejam diferentes.

— A pesquisa de opinião é um elemento fundamental para a saúde. Sabemos que são muitas as queixas da população em relação ao serviço de saúde, mas precisamos saber quais são as principais. O sistema de saúde não dá certo se não tiver a confiança da população — avalia Bahia.

Para a médica, as políticas públicas de saúde não devem ser direcionadas apenas por pesquisas de opinião, mas esse fator precisa ser considerado.

— As políticas precisam responder aos anseios e expectativas da população —afirma Bahia.

Se considerarmos o “top 10” de problemas nas duas esferas, a convergência aumenta. A superlotação de hospitais, emergências e pronto-atendimentos; a presença de médicos mal-educados e o atendimento de médicos despreparados ou inexperientes são três fatores que aparecem entre as queixas dos usuários dos dois sistemas.

Para Cesar Fernandes, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB), a superlotação é um dos problemas da saúde que ficaram mais nítidos durante a pandemia. Basta lembrar que no pico das ondas de Covid-19, as pessoas passavam longas horas esperando atendimento tanto em serviços públicos quanto privados de emergência.

Já a queixa sobre médicos despreparados e inexperientes, Fernandes credita à proliferação de faculdades de medicina sem qualidade.

— Com as novas escolas, estamos liberando cerca de 35 mil médicos por ano. Mas muitas delas são carentes de corpo docente e de campos de ensino e vai liberar médicos com formação deficiente. Além disso, temos residência para apenas para 40% dos médicos que se formam por ano. Abriram escolas sem abrir o número correspondente de vagas para residente — explica o presidente da AMB.

Leia aqui os outros temas da série Tem Solução, que investiga os principais problemas do país a partir de dois levantamentos inéditos do Ipec. A primeira pesquisa foi feita de forma presencial com 2 mil eleitores com 16 anos ou mais, entre 1 e 5 de julho em 128 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou menos. A segunda, feita com 2 mil pessoas na internet com 16 anos ou mais das classes A, B e C, entre 20 e 27 de julho, com margem a mesma margem de erro em um intervalo de confiança de 95%.

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