Democratas aproveitaram uma onda de insatisfação com o presidente dos Estados Unidos, o republicano Donald Trump, para conquistar o controle da Câmara dos Deputados, obtendo a oportunidade de bloquear a agenda de Trump e de colocar o governo norte-americano sob intensa fiscalização.
Nas eleições parlamentares desta última terça-feira (6), dois anos depois de chegar à Casa Branca, Trump e seus colegas republicanos ampliaram a maioria no Senado, após uma campanha divisória marcada por fortes embates sobre raça, imigração e outras questões culturais.
Entretanto, a perda da maioria na Câmara dos Deputados representou um amargo revés para o presidente, após uma campanha que se tornou uma espécie de referendo sobre sua liderança.
Com algumas disputas ainda não decididas, os democratas parecem a caminho de ampliar sua bancada em mais de 30 assentos, muito além dos 23 que precisavam para estabelecer sua primeira maioria na Casa de 435 membros em oito anos.
A nova Câmara dos Deputados terá a habilidade de investigar as declarações fiscais de Trump, possíveis conflitos empresariais de interesse e alegações envolvendo a campanha do presidente em 2016 e a Rússia.
Os deputados também poderão forçar Trump a reduzir suas ambições legislativas, possivelmente condenando ao fracasso as promessas do presidente de construir um muro na fronteira com o México, de aprovar um segundo grande pacote de cortes fiscais e de aplicar mudanças nas políticas comerciais.
Uma maioria simples na Câmara seria suficiente para abrir um processo de impeachment contra Trump se surgirem evidências de que ele obstruiu a Justiça ou de que sua campanha de 2016 conspirou com a Rússia. Entretanto, o Congresso não pode removê-lo do cargo sem a aprovação de dois terços do Senado, que é controlado pelos republicanos.
A nova Câmara dos Deputados pode estar planejando lançar uma investigação usando os resultados do inquérito do procurador especial Robert Mueller sobre alegações de interferência Rússia a favor de Trump na eleição presidencial de 2016. Moscou nega ter interferido na votação e Trump nega qualquer conspiração.
“Graças a vocês, amanhã será um novo dia nos Estados Unidos”, disse a líder democrata na Câmara dos Deputados, Nancy Pelosi, a uma multidão de apoiadores em uma festa de vitória em Washington.
“Nós teremos a responsabilidade de chegar a um consenso quando conseguirmos, e de defender nosso posicionamento quando não conseguirmos”, disse Pelosi.
Apesar de perder a maioria na Câmara dos Deputados, Trump escreveu no Twitter: “Sucesso tremendo hoje à noite”.
No Senado, onde democratas estavam defendendo assentos em 10 Estados onde Trump venceu em 2016, os republicanos derrotaram quatro democratas em exercício: Bill Nelson (Flórida), Joe Donnelly (Indiana), Heidi Heitkamp (Dakota do Norte) e Claire McCaskill (Missouri), desta forma ampliando sua liderança na Casa.