domingo 22 de dezembro de 2024
Thiago Pampolha ao lado de Cláudio Castro antes do rompimento — Foto: Divulgação
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terça-feira 5 de março de 2024 às 06:52h

Demitido por Cláudio Castro, vice-governador do Rio se diz ‘injustiçado’: ‘Foi uma punição política’

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Demitido pelo governador Cláudio Castro (PL) da Secretaria de Ambiente e Sustentabilidade, o vice-governador Thiago Pampolha (MDB) classifica o movimento como injusto, considera-se alvo de “punição política” e diz que discorda dos rumos que o governo está tomando, apesar de “respeitar” a decisão. Antecipada pelo colunista Lauro Jardim, a demissão foi consolidada nesta última segunda-feira (4) após cerca de dois meses de atrito por causa da ida de Pampolha do União Brasil para o MDB.

– Foi uma conversa que me surpreendeu muito. Não que seja surpresa, porque já havia ouvido a história da exoneração, mas não acreditava nela. Acreditava na honestidade da relação que o Cláudio nutria por mim. Não imaginava que ele chegaria a esse ponto. Não foi uma surpresa o tema, mas foi a “coragem” de ir até o fim nesse plano. Me senti injustiçado – afirma em entrevista a Caio Sartori, do O Globo.

Segundo o vice, Castro queria que ele seguisse as orientações que lhe deu sobre quando se filiar ao MDB. Pampolha preferiu ir no momento da convenção partidária do mês passado, enquanto o governador pediu para que aguardasse as eleições deste ano. A partir dessa conversa nos primeiros dias do ano, de acordo com o agora emedebista, Castro passou a ignorá-lo em diferentes frentes.

– Do momento em que conversamos isso até a convenção, ele interrompeu todo e qualquer diálogo comigo a ponto de não atender minhas ligações, de não responder mensagem. Simplesmente não atendia e dizia para todos que não queria falar comigo – diz. – Já que ele tinha feito um pedido, o razoável seria conversar mais. Paralelamente a isso, começou a ligar para várias pessoas do partido para constrangê-las, falando para não me aceitar agora, para deixar para depois da eleição.

Pampolha explica que, a fim de participar da mobilização do MDB nas eleições municipais deste ano, e atento a uma discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) que pode punir por infidelidade partidária políticos eleitos para cargos majoritários que trocarem de sigla, precisou acelerar a filiação.

– A demissão foi, então, uma punição política (do governador), porque ele achava que eu deveria fazer o que ele me orientou — sustenta.

Depois da decisão de trocar de partido, outros episódios escancaram o afastamento e o estresse entre os dois. O primeiro foi também no início de janeiro, quando a Região Metropolitana do Rio enfrentou enchentes. Da Disney, onde estava viajando, Castro postou que, “mesmo de férias”, estava comandando o gerenciamento da crise. Pampolha, por sua vez, estava nas ruas com prefeitos e se sentiu desprestigiado.

Nesta segunda-feira, Castro e Pampolha conversaram no fim da tarde, no Palácio Guanabara, e o governador “tentou conduzir para o realinhamento interno partidário”, segundo o vice. Na prática, sugeriu que ele poderia reivindicar no MDB uma das duas secretarias que o partido já ocupa: Transportes, com Washington Reis, e Esporte e Lazer, com Rafael Picciani.

– Em hipótese alguma eu aceitaria isso. Encarei como demissão, um cartão vermelho e vou ficar sem ser secretário. São meus amigos (Reis e Picciani). Eu jamais iria. Ele tomou a decisão política de me chutar da secretaria. Não me sinto em condições de ser secretário dele. Minha condição como vice é uma; de secretário, é outra. Não me sinto confortável hoje de estar em submissão como secretário.

Pampolha afirma, assim, que não foi definida para ele uma função específica no posto de vice. Embora pontue a discordância com os rumos do governo, evita citar possíveis influências do presidente da Assembleia Legislativa, Rodrigo Bacellar, nos movimentos de Castro.

– Respeito a posição do governador e o governador em si, a decisão está tomada, mas disse a ele que o governo tomou um caminho com o qual eu não concordo. Acho que foi um equívoco dele, um erro, mas sigo à disposição da população. Ele pode até me exonerar da secretaria, mas não do cargo de vice-governador.

No fim da noite desta segunda-feira, o MDB, partido de Pampolha, divulgou uma nota assinada pelo presidente nacional da sigla, Baleia Rossi, e pelo comandante local, Washington Reis. A legenda manifestou “enorme descontentamento” com a decisão de Castro, classificada como um “enorme erro político”. “Foi futilmente motivada pela recém-filiação de Pampolha ao MDB do Rio. Isso nos causa tristeza e decepção”, pontua o texto.

“O partido sempre foi aliado do Governo, trabalhando de forma conjunta pelo bem do estado em uma parceria honesta e transparente”, continuou o MDB, enxergando no gesto de Castro “um total desprestígio para com a sigla e todos os seus membros”. “É lamentável que prematuros projetos de poder afetem a continuidade de um trabalho tão bem desenvolvido por Pampolha em favor do povo fluminense”, disse ainda o partido, concluindo que o vice é “o grande projeto político do MDB do Rio para 2026”.

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