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‘DEM é esquerda’, afirma príncipe em aula para colegas do PSL

sábado 10 de novembro de 2018 às 09:48h

Em ‘degradê político’ de Luiz Philippe de Orleans e Bragança, só sua sigla e Novo representam direita

“Em 2010, no discurso em que caiu na jugular da “direita raivosa”, Lula defendeu “extirpar o DEM da política brasileira”. Mas o DEM? De direita? Dá zero pra ele” disse o príncipe.

Ao menos na aula de Luiz Philippe de Orleans e Bragança, a esquerda é o melhor enquadramento ideológico para o partido que, na atual encarnação ou com o nome de PFL, já agregou ACM (avô e neto) e Cesar e Rodrigo Maia (pai e filho).

Trineto da Princesa Isabel, tetraneto do Pedro 2º, pentaneto do 1º, hexaneto de dom João 6º, Luiz Philippe acumula vários “títulos”, de empreendedor no ramo de motopeças a  príncipe -embora esclareça que o pai “renunciou aos meus direitos dinásticos antes de eu nascer”, logo, se o Brasil restaurasse a monarquia, não seria ele a ser rei.

Em outubro, novo afazer: deputado eleito pelo PSL de Jair Bolsonaro. Na quinta (8), mais um: classe, conheçam o professor Orleans e Bragança.

Luiz Philippe reuniu na Assembleia Legislativa de São Paulo colegas do PSL -como ele, futuros deputados (estaduais e federais)- para ensinar um pouco de teoria política à moda Orleans e Bragança.

Um dos slides divide as principais legendas brasileiras em quatro guaridas. PT, PSOL, PSB, PPS, PDT e PC do B são classificadas como esquerda revolucionária. Entenda revolucionária como marxista, diz à reportagem e logo faz a ressalva: “Na verdade, é uma perversão da palavra ‘marxista’. No fundo são modelos stalinistas, não levam à estabilidade social, e sim à instabilidade”.

A esquerda progressista é onde entra o DEM, na companhia do PSDB de João Doria, o MDB de Michel Temer, o Podemos de Alvaro Dias, a Rede de Marina Silva e o PP de Paulo Maluf. Isso mesmo, diz o “príncipe” que, em agosto, frequentou o noticiário como possível vice de Bolsonaro.

Em seu entendimento, são legendas apegadas a “pilares do socialismo”, como SUS, CLT e programas à Bolsa Família.

O degradê político continua com dois partidos e dois tipos de direita: a conservadora (PSL) e a libertária (Novo).

Um dos pupilos do “príncipe” foi o deputado estadual eleito Douglas Garcia, que fundou o Direita SP e o bloco carnavalesco Porão do Dops.

Conta que, com o colega mestre em ciências políticas na Universidade Stanford, aprendeu a não cair na armadilha de apoiar sem querer pautas progressistas.

“Diferentemente do que é dito pela esquerda, os direitistas não odeiam os pobres, pensam no país como um todo, principalmente na garantia dos direitos individuais. Alguns projetos, por mais que pareçam beneficiar a população sob uma ótica geral, pode acabar gerando mais problemas ainda”, afirma.

O conteúdo da aula, segundo Luiz Philippe, vem em grande parte de seu livro “Por Que o Brasil É um País Atrasado?” (Novo Conceito, 2017), que na contracapa se vende como “um serviço à sociedade brasileira ao combater a desinformação e os mitos”, e no recheio ataca o “Estado totalitário” que “buscará dominar todo o ecossistema político”.

Deputado há 27 anos, Bolsonaro respaldou posições pouco liberais (como isenções tributárias). Na campanha, puxou a orelha do vice, o general Mourão, quando ele chamou o 13º de “jabuticaba”. Aliás, prometeu incorporar a parcela extra no Bolsa Família.

Luiz Philippe reconhece: “Óbvio que você tem que descontar que uma pessoa que vem dos militares, não é que é socialista, mas defende interesses nacionais. Também tende a ser estatizante”.

Só que o capitão reformado “é muito sagaz, viu?” e, aposta, já marcha no compasso liberal de seu apontado para a pasta da Economia, Paulo Guedes.

O deputado eleito conta que tem falado com investidores externos inquietos com o novo governo de direita do Brasil. “Todos têm medo da ditadura militar.” Procura acalmá-los: diz que o próximo Planalto é como o “conservadorismo americano”, sem tanto poder concentrado no presidente.

Ainda na campanha, este Orleans e Bragança já havia dito à Folha de S.Paulo que golpe mesmo foi o de 1889, quando assumiu o generalíssimo Deodoro da Fonseca, e não 1964 ou 2016, como a esquerda clama: “Foi o golpe da República. Aí você tem a ditadura militar”.

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