O deputado federal cassado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) disse, nesta quarta-feira (17), que foi vítima de “vingança” do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do Partido dos Trabalhadores (PT), por ter sido condenado à perda do mandato pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Segundo o ex-procurador da Operação Lava-Jato, ele “ousou combater a corrupção” e, por isso, foi retaliado pela Justiça, como registra Luana Patriolino, Raphael Felice e Mariana Albuquerque, do Correio Braziliense.
A declaração foi dada em coletiva de imprensa, no salão verde da Câmara dos Deputados. Deltan acusou o chefe do Executivo de pedir a sua cassação aos integrantes do TSE. “Vimos o sistema retaliando pelos que cumpriram a lei, contra quem ousou combater a corrupção pelo Brasil. Eu fui cassado por vingança. Eu fui cassado porque eu ousei ao que é mais difícil no país: enfrentar o sistema de corrupção”, disse.
“O presidente da República e o seu Partido dos Trabalhadores pediram a minha cassação. E eles conseguiram que sete ministros superassem todos e decisões anteriores e me cassaram. Liderados por um ministro, que já disse que é o ministro Alexandre de Moraes”, completou, em referência ao presidente da Corte Eleitoral.
No pronunciamento, Deltan disse também que “não vai desistir” e que este “é um novo começo” para sua história.”Nós não vamos permitir que minem e ataquem as nossas liberdades. O poder que os tribunais têm de me atingir, de me derrubar, talvez seja o mesmo poder que os irmãos de José tinham ao vendê-lo como escravo no Egito”, afimou.
Dallagnol foi recebido no púlpito do salão verde da Câmara dos Deputados, onde foi feita a entrevista coletiva, ao lado de parlamentares de oposição, sendo a maioria da ala bolsonarista como, por exemplo, Eduardo Bolsonaro, Hélio Lopes, Paulo BiLiynski, Damares Alves, Eduardo Girão, Bibo Nunes, Bia Kicis, Sostenes Cavalcante.
O deputado cassado disse que estava acompanhado de parlamentares que lutam pela “justiça e liberdade”. “A verdade é uma só. Eu perdi o meu mandato porque combati a corrupção. É um dia de festa para os corruptos e um dia de festa para Lula. A Lava-Jato em algum momento despertou uma nova esperança em todos nós. A esperança de que tudo poderia ser diferente. Esses parlamentares todos reunidos aqui por uma causa. A causa da justiça e a causa da liberdade.
Cassado por unanimidade
Na noite de ontem, o plenário do TSE cassou, por unanimidade, o mandato de deputado federal de Deltan Dallagnol. Pela decisão dos ministros, os votos recebidos pelo ex-coordenador da Operação Lava-Jato serão destinados ao seu partido. Os magistrados seguiram o entendimento do relator Benedito Gonçalves. Ainda cabe recurso.
A ação foi apresentada por partidos que argumentam que o parlamentar deveria ser barrado pela lei da ficha limpa, ao ter deixado a carreira de procurador tendo pendentes processos administrativos no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). No relatório, o ministro afirmou que Dallagnol pediu exoneração do cargo de procurador para evitar uma eventual punição administrativa, que poderia deixá-lo inelegível.
“O Tribunal Superior Eleitoral disse que eu fraudei a lei. Mas foi o Tribunal Superior Eleitoral que fraudou a lei e a Constituição ao criar uma nova inelegibilidade contra a lei e contra o que diz a Constituição”, disse Dallagnol. O ex-procurador destacou que a Corte teria “invertido a presunção de inocência” e transformado em “presunção de culpa”.