O ex-deputado federal e ex-procurador da operação Lava-Jato, Deltan Dallagnol (Novo-PR) confirmou ao jornal O Globo, nesta sexta-feira (3) a sua desistência em concorrer as eleições de Curitiba, capital do Paraná. Em maio passado, o ex-parlamentar foi cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com base na Lei da Ficha Limpa. Na ocasião, a Corte entendeu que ele havia deixado o Ministério Público para escapar de possíveis punições.
A decisão que resultou na perda de seu mandato na Câmara deixou dúvidas sobre a elegibilidade de Deltan Dallagnol para as eleições de 2024. Até então, ele iria testá-la nas urnas.
O anúncio de não concorrer ocorre três dias após ele ter se reunido com o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), que havia pleiteado que ele integrasse sua chapa. Em entrevista, o ex-deputado negou a possibilidade de ser vice-prefeito nas eleições municipais e alegou razões pessoais para deixar o tabuleiro:
— Depois de muito orar e refletir, sinto que minha missão neste momento vai além de Curitiba e que posso contribuir de modo mais amplo para a renovação política, ajudando a formar e eleger bons candidatos Brasil afora. Servir nunca foi ou será sobre ocupar um cargo. Não buscamos um cargo, mas uma transformação. O cargo é apenas um possível meio ou instrumento. Servir é sobre fazer a maior e melhor diferença onde ela é mais necessária. É sobre dar a sua melhor contribuição e eu entendo que a minha agora é essa — diz.
Segundo Deltan, ele voltará a realizar viagens pelo país para alavancar as filiações do Partido Novo, como já havia feito no ano passado. Até o momento, ele já passou por Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Rondônia, Mato Grosso, Amazonas, Pernambuco e Ceará.
— Agradeço imensamente pelo apoio que recebi como pré-candidato em Curitiba. Quero que saibam que não estou me afastando da luta. Estou escolhendo lutar em uma frente mais ampla e desafiadora — finaliza.
Na terça-feira de manhã, Eduardo Pimentel esteve com Deltan Dallagnol no Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, junto ao governador Ratinho Júnior na manhã desta terça-feira. Os dois vinham mantendo conversas frequentes.
Durante o bate-papo, Pimentel teria mostrado parte do plano de governo que vem elaborando e teria dito que estaria disposto a compor com o Partido Novo. Nesta conversa, Deltan teria gostado das propostas. Aos seus articuladores, chamou o vice-prefeito de inovador e correto. Visualizar que seu então adversário tinha um projeto adequado de governo também teria contribuído para sua saída do pleito.
Neste momento, ainda há dúvidas sobre qual será o rumo do Novo na disputa. Há a possibilidade da vereadora Indiara Barbosa assumir a chapa ou que o partido caminhe junto ao vice-prefeito, que tenta aglutinar a direita ao seu redor.
No ano passado, o ex-parlamentar chegou a cogitar lançar sua mulher, a administradora Fernanda Dallagnol, em seu lugar, caso fosse impugnado. A hipótese, agora, também é descartada.
De toda forma, a desistência de Deltan é negativa para a sigla, já que as pesquisas internas apontava uma maior viabilidade de seu nome. Com um quadro reduzido, o Novo sonhava com a possibilidade de conquistar a prefeitura da capital.
Após as eleições de 2022, o partido perdeu o direito à tempo de televisão o acesso às verbas públicas justamente por não ter atingido a cláusula de barreira. Desde então, tem funcionado com o dinheiro do fundo partidário de anos anteriores que havia sido investido em fundos monetários. A expectativa interna é de que as eleições municipais ajudem no crescimento.