“Deixo hoje o Congresso e a Câmara, mas eu deixo com a paz de quem honrou seus eleitores”, disse Deltan Dallagnol pouco depois de a Mesa Diretora da Casa confirmar a perda de seu mandato, conforme decisão anterior do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Horas depois, na noite desta terça-feira, o ex-procurador responsável pela Operação Lava-Jato, que deixou o cargo no Ministério Público Federal (MPF) para ingressar na política, retornou a um plenário quase vazio, em momento flagrado pelo fotógrafo Brenno Carvalho, do jornal O Globo.
No salão deserto da Câmara dos Deputados, Deltan circulou com o celular nas mãos, enquanto gravava um vídeo. Na tela do aparelho, captada pelas lentes da câmera, constavam também trechos do discurso de adeus ao Congresso: “Este é o meu último pronunciamento aqui na Câmera”, reconhecia o texto. “Hoje, a Mesa Diretora decidiu se curvar diante da injustiça praticada pelo TSE de rasgar votos legitimamente dados”, prosseguia o rascunho.
Nos registros, chamam a atenção ainda anotações feitas à caneta nas mãos de Deltan, enumerando uma lista de seis itens a serem abordados pelo agora ex-parlamentar. A prática lembra uma estratégia usada com frequência pelo ex-presidente Jair Bolsonaro — apoiado por Dallagnol nas eleições do ano passado — durante debates televisivos realizados na campanha.