O encontro temático da área de Direitos Humanos, que aconteceu nesta última quinta-feira (16) dentro da programação da Semana da Defensoria 2019, contou com a presença de representantes da rede de proteção às mulheres para debater a violência que hostiliza o universo feminino.
Organizado pela Defensoria Pública do Estado – DPE/BA e pela Associação de Defensores Públicos da Bahia – Adep, o painel teve o tema “Compartilhando experiências para uma atuação estratégica em defesa delas” e contou, entre outros, com a presença de Eva Luana Silva, estudante de Direito que relatou estupro pelo padastro nas redes sociais, causando comoção nacional.
Caso Eva Luana
“Não é só mais uma história, não é só mais uma vítima, não é só sobre o feminismo, mas sim sobre nossa humanidade”, exclamou Eva Luana em seu discurso, conclamando os defensores públicos presentes e a rede a uma reflexão. Segundo ela, o que a salvou, de fato, foi a sociedade.
Para a estudante, só quem vivencia problemas semelhantes ao que passou sabe a guerra que passa. “A violência psicológica não permite que nós venhamos pedir socorro. Quando as pessoas perceberam que tinha algo errado, perguntaram e eu tive forças para me abrir”, relatou a estudante. Comentou também que as pessoas a questionam de onde tirou forças para denunciar e explica que só foi possível porque teve ajuda para ir à delegacia, mostrando a importância do auxílio de uma sociedade acolhedora.
Defensoria e proteção à mulher
“Quando forem ingressar em casos como esse, não se coloquem como defensores, como operadores do direito, primeiro sintam-se humanos e tentem entender o que está passando com aquela pessoa”, orientou Eva Luana.
Para ela a humanização no atendimento liberta a pessoa para denunciar. Sobre o trabalho defensorial, ela complementou: “Não é só um trabalho técnico. Para mim e muitas outras mulheres e quem passa pela situação, naquele momento, vocês são salvadores de vidas”.
Conforme a coordenadora da Defensoria Especializada em Proteção aos Direitos Humanos da Defensoria Pública da Bahia, Lívia Almeida, é importante que todos os defensores(as) tenham a sensibilidade para lidar com a questão da mulher e ter uma forma de escuta diferenciada, com respeito e acolhimento.
Segundo Lívia, a coordenação de Direitos Humanos está desenvolvendo projetos para promover essa capacitação e levar debate para vários espaços públicos. Na ocasião ela ainda entregou aos painelistas cartilhas feitas pela Defensoria relacionadas aos direitos humanos. O painel Em Defesa Delas aconteceu no Hotel Deville, em Itapuã/Salvador.
“Hoje foi uma manhã necessária. Discutir publicamente sobre as inúmeras formas de violência contra a mulher é imprescindível para empoderar e encorajar cada vez mais mulheres a quebrarem o ciclo de violência e silenciamento a que estão submetidas”, considerou a defensora pública Julia Baranski, que fez a mediação na mesa do evento.
Também participaram do debate a presidente da Adep-BA, Elaina Rosas; a deputada estadual e presidente da Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa da Bahia, Olívia Santana; a deputada estadual Mirela Macedo; a major da PM e comandante da Ronda Maria da Penha, Denice Santiago; e a pedagoga e mulher trans, Thiffany Odara.