O debate entre os candidatos ao Governo da Bahia foi marcado por acusações mútuas, embates no campo pessoal e tentativas de colar nos adversários pechas como a de “pior secretário” e “afroconveniente”.
Os principais embates aconteceram entre ACM Neto (União Brasil) e Jerônimo Rodrigues (PT), que polarizam a disputa no estado. Mas também houve troca de farpas entre o ex-prefeito de Salvador e o ex-ministro João Roma (PL), que eram amigos e aliados, mas romperam politicamente.
Ainda houve dobradinhas entre João Roma e Jerônimo Rodrigues, que fizeram perguntas entre si para tentar replicar localmente a polarização entre Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Jair Bolsonaro (PL). Cada qual defendeu seus respectivos presidenciáveis.
Ex-secretário de Educação da Bahia, Jerônimo Rodrigues decidiu começar o debate com o tema da educação, como uma estratégia de encarar logo no início o tema no qual sofre mais críticas de seus adversários.
Mirando virar o jogo, criticou a educação na gestão de ACM Neto na prefeitura de Salvador entre 2013 e 2020, citando o déficit de vagas em creches na capital baiana e o na rede municipal de educação fundamental da capital baiana.
Na resposta, o petista foi alvo de ACM Neto (União Brasil) que o chamou de “pior secretário da Educação do Brasil”. Citou indicadores do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que colocam a Bahia na 24º colocação entre os estados no ensino médio estadual.
“Qualquer um pode ter moral para falar de educação, menos você que deixou a educação da Bahia em um dos últimos lugares no Brasil. Quando era secretário de Educação, foi testado e reprovado. O senhor falhou na sua missão”, criticou o ex-prefeito de Salvador.
Na sequência, ACM Neto foi chamado de “afroconveniente” por João Roma e Jerônimo Rodrigues, que questionaram o fato de o ex-prefeito de Salvador ter se declarado pardo na junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
O petista disse que que prestava “solidariedade ao povo negro do Brasil pelo uso conveniente” da declaração racial.
O candidato Kleber Rosa (PSOL) pediu reflexão ao ex-prefeito, disse que ele deveria ter humildade e reconhecer que está errado ao se declarar pardo.
“Eu sou um candidato inequivocadamente negro. Não basta dizer: é assim que eu me vejo. Eu não tenho a opção de me passar por branco. O senhor deveria estudar um pouco mais sobre relações raciais no país, não percebe que a sua declaração virou piada nacional”, afirmou.
João Roma, por sua vez, fez galhofa com o adversário: “Não cobrem de um candidato que não sabem nem a cor da sua pele. Nesses 20 anos de convivência, ele nunca me disse que era negão.”
Ao se defender, ACM Neto repetiu que se considera pardo desde as eleições de 2016 e destacou que implementou políticas de combate ao racismo institucional e implantou cotas em concursos públicos em Salvador.
Aliados e amigos por mais de duas décadas, ACM Neto e João Roma trocam farpas no campo pessoal, com acusações mútuas de deslealdade.
O ex-prefeito de Salvador destacou convivência pessoal entre os dois e lembrou que é padrinho da filha do aliado. Na sequência, foi chamado de arrogante por trazer uma questão pessoal para o debate.
ACM Neto também foi confrontado pelos adversários por ter adotado uma posição de neutralidade em relação à eleição presidencial, para tentar atrair votos de eleitores de Lula e Bolsonaro.
“Isso é oportunismo político, disse que ia dar uma surra em Lula, disse que Lula era uma muleta e agora ele quer pongar em Lula”, afirmou Jerônimo Rodrigues.
Este foi o primeiro debate na Bahia com a participação de ACM Neto, que faltou aos outros dois embates entre candidatos organizados pela TV Bandeirantes e pela TV Educativa da Bahia.
O ex-prefeito de Salvador lidera a corrida pelo governo da Bahia com 48% das intenções de voto, segundo pesquisa Datafolha divulgada em 21 de setembro. Mas seu principal adversário, Jerônimo Rodrigues (PT), está em rota ascendente e chegou a 31% das intenções de voto.