Com a menor intenção de votos entre os prefeitos de capitais que disputam a reeleição, o prefeito de Teresina, Dr. Pessoa (PRD), lidera em índice de rejeição entre os candidatos que disputam o cargo nas maiores cidades do país. É o que indica um levantamento feito pelo jornal O Globo, com base nas últimas pesquisas Quaest para as eleições em 23 capitais.
Com 5% do eleitorado ao seu lado para um novo mandato, o prefeito de Teresina é rejeitado por 79% dos entrevistados no levantamento feito pela Quaest na cidade no fim de agosto. Sua gestão na cidade foi marcada por uma forte crise na saúde, que perpassou a falta de médicos e a ausência de repasses a funcionários terceirizados. No primeiro debate das eleições de 2024, feito pela Band no mês passado, Pessoa gerou polêmica e virou alvo de denúncia formal após dar uma cabeçada em Francinaldo Leão (PSOL), seu adversário na disputa.
Na capital piauiense, quem lidera a disputa pela prefeitura é um médico, o ex-secretário municipal Silvio Mendes (União Brasil), que atinge 46% das intenções de voto. Ele tem o apoio do ex-prefeito Firmino Filho (PSDB).
Com 15% das intenções de voto na disputa pela reeleição, o prefeito de Belém, Edmilson Rodrigues (PSOL), é o segundo colocado no ranking de rejeição. São 69% os eleitores que afirmam que não escolheriam o psolista, cuja administração viveu recentemente uma “crise do lixo”, quando problemas na prestação do serviço motivaram o acúmulo de pilhas de resíduos nas ruas da cidade. Edmilson acumulou uma dívida superior a R$ 15 milhões com as concessionárias responsáveis pela coleta de lixo, o que gerou irregularidade no atendimento.
Candidatos mais rejeitados do país
Além dos prefeitos, outros candidatos sem mandato no Executivo apresentam índices de rejeição superiores ao patamar de 50%. Em São Paulo, o apresentador de TV licenciado José Luiz Datena (PSDB) não é opção de voto para 51% dos eleitores.
Em Belém, o deputado bolsonarista Delegado Éder Mauro (PL), rival de Edmilson Rodrigues na disputa pela prefeitura, alcança o mesmo índice, assim como o ex-senador e ex-petista Roberto Requião (Mobiliza), que concorre em Curitiba. Ao GLOBO, o candidato a prefeito da capital do Paraná justificou o indicador negativo pelo fato de ocupar cargos públicos desde 1983, e também por ter sido o candidato do partido de Lula na eleição passada.
— Eu fui prefeito, eu fui governador e fui senador. Interesses contrariados fizeram uma campanha contra mim sistemática, porque eu não apareço nas rádios e na televisão — argumentou Requião.
Para a equipe do candidato, a saída do ex-petista do partido fará com que os curitibanos consigam “enxergar a independência de Requião, bem como seu compromisso e coerência com a boa política, com a coisa pública e com o povo de Curitiba”.
Rejeição a nomes da esquerda
Além de Edmilson Rodrigues, outros nomes do campo da esquerda se destacam no ranking. Em Porto Alegre, a deputada federal Maria do Rosário (PT) está empatada tecnicamente com o prefeito em intenções de voto, mas tem 48% de rejeição. Ao jornal O Globo, seu coordenador de campanha, Cícero Balestro, atribuiu o índice à divulgação de notícias falsas.
— Tem uma rejeição que é a rejeição ao PT, a uma parcela conservadora, e o resto são as fake news. Nós vamos trabalhar quem é Maria do Rosário de verdade e estamos muito confiantes que mostrando os atributos, vai reduzir (a rejeição) — afirmou.
Outro caso é do ex-deputado federal Marcelo Ramos (PT), que concorre à prefeitura de Manaus. Na capital amazonense, também 48% dos eleitores dizem que não votariam no petista em outubro.
Empatado tecnicamente na liderança da disputa de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSOL) aparece com taxa de 45% no indicador, ainda segundo levantamento da Quaest. Na capital paulista, o candidato aliado do presidente Lula enfrenta dois nomes do campo da direita, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que disputam o espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na cidade. Ambos têm rejeição um pouco menor, de 39% e 35%, respectivamente. Procurada para comentar o resultado na pesquisa, a campanha do psolista não respondeu.
Entre políticos de partidos nanicos, chama atenção os casos de Cyro Garcia (PSTU), no Rio, rejeitado por 43% dos eleitores, e Lourdes Melo (PCO), que não é uma opção para 53% dos entrevistados pela Quaest em Teresina. O nome do PSTU já disputou outras nove eleições para diferentes cargos. Já Lourdes Melo viralizou no pleito de 2022, quando concorreu ao governo do Piauí ao participar de um debate. Na ocasião, a candidata se irritou com o mediador do debate, que pedia que ela seguisse as regras. “Você quer me calar?”, respondeu Lourdes Melo ao jornalista.