sexta-feira 21 de junho de 2024
O ex-governador de Goiás Marconi Perillo, em 2015: tucano chega ao comando do PSDB às vésperas das eleições de 2024 — Foto: Michel Filho/Agência O Globo/10-11-2015
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quinta-feira 30 de novembro de 2023 às 20:46h

De governador mais jovem a preso pela Lava-Jato: quem é Marconi Perillo, novo presidente do PSDB

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Eleito nesta quinta-feira o novo presidente nacional do PSDB, o ex-governador de Goiás Marconi Perillo ascende ao comando do partido em um cenário de esvaziamento, rusgas internas e de tentativa de retomar protagonismo nacional. Perillo viveu segundo reportagem de Bernardo Mello, do jornal O Globo, seu ocaso particular após as eleições de 2018, quando viu o adversário Ronaldo Caiado (União) se eleger ao governo de Goiás e, três dias depois, foi preso em desdobramento da Lava-Jato. Filiado ao PSDB desde a década de 1990, quando se tornou um dos governadores mais jovens da história da redemocratização, Perillo vem defendendo que o partido construa candidatura ao Planalto em 2026 para se recolocar na oposição ao presidente Lula (PT).

Na disputa tucana, Perillo teve como principal apoiador o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves, que também busca a reabilitação política após ter sido fustigado pela Lava-Jato. Aécio já havia tentado emplacar Perillo na presidência do PSDB em 2017.

À época, em meio a denúncias de recebimento de propina da JBS, Aécio tentava emplacar um sucessor de sua confiança — ele foi absolvido em julho deste ano pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3). O principal concorrente de Perillo em 2017 era o então senador Tasso Jereissati (CE), justamente o nome que, neste ano, o governador do Rio Grande do Sul Eduardo Leite tentou emplacar como seu sucessor.

Aécio Neves, na campanha à Presidência da República em 2014, ao lado do então governador de Goiás Marconi Perillo: velhos aliados — Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo/28-06-2014Aécio Neves, na campanha à Presidência da República em 2014, ao lado do então governador de Goiás Marconi Perillo: velhos aliados — Foto: Givaldo Barbosa/Agência O Globo/28-06-2014

A hipótese de Tasso, desafeto de Aécio, assumir o comando do partido desagradava o mineiro nas duas ocasiões. Em 2017, houve um acordo para Geraldo Alckmin assumir o PSDB como nome de consenso. Em 2023, Perillo chegou a ter oposição do ex-senador José Aníbal (SP), antigo aliado de Alckmin — hoje no PSB — e hoje próximo a Eduardo Leite. Aníbal, contudo, retirou sua candidatura durante a convenção, nesta quinta, abrindo caminho a Perillo.

Em 1998, ainda novato nas fileiras tucanas, Perillo se elegeu governador de Goiás aos 35 anos de idade, destronando o PMDB do então governador Iris Rezende. Na ocasião, ele se tornou um dos mais jovens governadores do período pós-redemocratização. Curiosamente, foi superado apenas por outros dois tucanos até hoje: Ciro Gomes, eleito pelo PSDB ao governo do Ceará em 1991, aos 31 anos, e o próprio Eduardo Leite, eleito aos 33 para o governo gaúcho em 2018.

Reeleito em 2002 no primeiro turno, Perillo emplacou sucessor e se elegeu ao Senado quatro anos depois. Ele renunciaria ao mandato de senador em 2010 para se eleger novamente ao governo de Goiás no mesmo ano.

No retorno ao posto de governador, Perillo passou a ter Caiado, outrora aliado, como seu principal adversário, e foi alvo de investigações judiciais que consumiram capital político. Em 2012, o então governador depôs na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Senado que investigava o bicheiro Carlinhos Cachoeira, com quem Perillo teria relacionamento próximo — algo que ele sempre negou.

Perillo, ao lado do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002: à época, um dos mais jovens governadores eleitos do Brasil — Foto: Roberto Stuckert Filho/Agência O Globo/07-02-2002Perillo, ao lado do então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 2002: à época, um dos mais jovens governadores eleitos do Brasil — Foto: Roberto Stuckert Filho/Agência O Globo/07-02-2002

A suposta relação com Cachoeira voltaria à tona em 2017, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Perillo por corrupção passiva, por supostos benefícios ilícitos à construtora Delta, mediante pagamentos de R$ 90 mil quitar dívidas de campanha eleitoral. Cachoeira foi apontado na denúncia como operador do esquema. Perillo negou as acusações.

O caso baixou à primeira instância da Justiça de Goiás em 2018, quando Perillo renunciou ao cargo de governador para se candidatar ao Senado. Em junho deste ano, a defesa de Perillo obteve decisão favorável do juiz Ricardo Prata, da 8ª Vara Criminal de Goiânia, para que o caso seja remetido à Justiça Eleitoral, seguindo a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o foro competente em casos que envolvem crimes, como corrupção, em conexão a campanhas eleitorais.

Em 2012, Perillo depôs em CPI no Senado por seu suposto envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira — Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo/12-06-2012Em 2012, Perillo depôs em CPI no Senado por seu suposto envolvimento com o bicheiro Carlinhos Cachoeira — Foto: Ailton de Freitas/Agência O Globo/12-06-2012

Ainda em 2018, Perillo foi alvo da Operação Cash Delivery, um desdobramento da Lava-Jato que denunciou o ex-governador de Goiás por suposto recebimento de R$ 17 milhões em propinas da Odebrecht. A operação ocorreu dez dias antes das eleições de 2018, quando Perillo amargou a quinta colocação na disputa ao Senado e viu seu candidato ao governo, José Eliton, ser derrotado no primeiro turno pelo desafeto Ronaldo Caiado.

Três dias depois da votação, Perillo foi preso pela Polícia Federal (PF) enquanto prestava depoimento no âmbito daquela operação. O ex-governador foi solto no dia seguinte.

No ano passado, o STF anulou a denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) contra Perillo, por considerar que o caso deveria ter tramitado na Justiça Eleitoral.

Com decisões judiciais favoráveis recentes, a exemplo de outros caciques tucanos, como Aécio e o ex-governador do Paraná Beto Richa, Perillo ensaiou a retomada da carreira política em 2022, quando concorreu ao Senado novamente, mas não se elegeu.

Naquele ano, o PSDB aprofundou uma desidratação eleitoral iniciada em 2018, viu sua bancada federal sofrer forte redução e ficou sem candidatura presidencial pela primeira vez desde sua fundação, após um processo de prévias que deixou fissuras internas. O partido ainda perdeu o governo de São Paulo, estado que pilotava há duas décadas.

Após a escolha como novo presidente do PSDB, nesta quinta, Perillo avaliou que a falta de um candidato ao Palácio do Planalto no ano passado foi “um erro gravíssimo”, e disse que o “candidato natural” dos tucanos para 2026 é o governador gaúcho Eduardo Leite.

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