O presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), foi pedir apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro em duas disputas cruciais de acordo com a colunista Malu Gaspar, do O Globo, para a sua sobrevivência política: a eleição para a prefeitura de Macapá, em 2024, e a corrida pela presidência do Senado, que só vai ocorrer em 2025, mas já movimenta os potenciais candidatos.
Alcolumbre se reuniu com Bolsonaro e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, na sede da legenda, em Brasília, há algumas semanas, diz Malu Gaspar, conforme a equipe da colunista apurou com três fontes que acompanham de perto as discussões.
De acordo com relatos, Bolsonaro ouviu, mas não fez nenhuma promessa a Alcolumbre ainda. O movimento do senador foi interpretado no PL como um primeiro gesto de reaproximação.
Em 2021, Alcolumbre provocou a ira de bolsonaristas ao adiar por 141 dias a sabatina de André Mendonça na CCJ, em meio a uma ofensiva para emplacar o nome do procurador-geral da República, Augusto Aras, no Supremo Tribunal Federal (STF).
Da atual composição do STF, Mendonça foi o ministro que mais aguardou ser sabatinado pela CCJ, por causa do bloqueio imposto por Alcolumbre.
Agora, porém, o senador precisa do bolsonarismo e foi ao ex-presidente tentar demonstrar que uma aliança pode ser útil aos dois.
Por um lado, Alcolumbre pretende lançar seu irmão, o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae no Amapá, Josiel, Josiel, para a prefeitura de Macapá (AP), para tentar impedir a reeleição do atual prefeito, Dr. Furlan (Podemos), favorito segundo as pesquisas de intenção de voto mais recentes.
O apoio de Bolsonaro faz diferença no estado, onde ele derrotou Fernando Haddad e Lula nas eleições presidenciais de 2018 e 2022, respectivamente.
No ano passado, o ex-presidente teve 51,36% no Amapá no segundo turno, contra 48,64% de Lula. Na capital, a vantagem bolsonarista foi ainda maior – 54,92% contra 45,08% dos votos válidos.
Além disso, o próprio Alcolumbre quer retornar ao comando do Senado em 2025, diz a colunista do O Globo, já que o atual presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) não poderá tentar a reeleição. Ele vai precisar dos cerca de 30 votos que a direita tem no Senado para garantir a vitória.
Para demonstrar alinhamento com algumas pautas da direita, Alcolumbre tem prometido aos bolsonaristas que atuará nos bastidores para dificultar a vida de Flávio Dino (PSB-MA) caso ele seja indicado por Lula para a vaga aberta no Supremo.
A oposição ao Planalto sabe que é praticamente impossível impedir a indicação de qualquer que seja o candidato de Lula, mas, como Dino tem uma pendenga histórica com os bolsonaristas, pretende tumultuar o processo para demonstrar alguma força.
Para Alcolumbre, é uma meta duplamente interessante. À frente da CCJ, ele se tornou conhecido por “criar dificuldade para vender facilidade”, como se diz no jargão de Brasília – atrasando a realização de sabatinas e controlando a pauta de acordo com sua agenda pessoal.
Agora mesmo, ele está segurando as sabatinas dos indicados por Lula para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) entre o final de agosto e o início de setembro, e a explicação que os governistas dão nos bastidores para a demora é que o senador condiciona as sabatinas ao atendimento de algumas demandas, como cargos no governo e a indicação de seu aliado Augusto Aras para mais um mandato na Procuradoria-Geral da República (PGR).
Nem sempre Alcolumbre consegue o que quer, mas foi com essa política do “estica e puxa” que ele acabou indicando dois ministros no início do governo – Juscelino Filho, do União Brasil (MA), e Waldez Góes, ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, que Alcolumbre incluiu na cota do União Brasil, embora seja do PDT.
Procurada pela equipe da coluna, a assessoria de Alcolumbre não se manifestou sobre a agenda do senador com Bolsonaro.
Valdemar Costa Neto, por sua vez, nega a realização da reunião. A coluna mantém as informações publicadas.