O apresentador José Luiz Datena (sem partido) tem quatro propostas em estágio mais avançado para se lançar como candidato à prefeitura de São Paulo. Representantes do PSB, PP, MDB e Republicanos o procuraram nas últimas semanas para convencê-lo de que é um candidato competitivo, com chances concretas de vencer o pleito este ano.
A ideia que mais o agrada, segundo reportagem da revista Veja, é uma chapa com o amigo Márcio França (PSB) como vice. Além da relação de proximidade, contribui o “recall” que o socialista tem como ex-governador de São Paulo. Em contra, joga o espectro político, mais à esquerda, do partido de França, que frustraria um de seus principais conselheiros: o presidente Jair Bolsonaro.
“É claro que o Bolsonaro mantém uma posição distinta. (…) Ele sempre foi muito legal comigo. É presidente e é político. Mas acho que entenderia”, disse o apresentador do programa Brasil Urgente, da Band, em entrevista a VEJA, por telefone. Bolsonaro, a quem Datena define como um homem com “boas ideias” foi a primeira pessoa a sugerir a ideia para que concorresse à prefeitura de São Paulo este ano, mesmo sem apoio. Uma possibilidade, descartada por questões práticas, seria a de se lançar pelo Aliança pelo Brasil, partido fundado por Bolsonaro. Apoiadores do presidente recolhem assinaturas para homologar a legenda no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), mas isso não deve acontecer a tempo de disputar as eleições municipais deste ano.
O apresentador ainda não bateu o martelo. Sua principal certeza no momento é a dúvida – e o temor de que uma candidatura ao poder Executivo seja mais arriscada do que concorrer ao Legislativo em um futuro próximo. “Já me disseram para esperar o Senado para entrar de forma gradativa (na política). Essa é minha dúvida. Se não for candidato a prefeito agora, com certeza serei ao Senado nas próximas eleições”, atesta. No Senado, Datena teria outros 80 colegas para dividir a mesma Casa. A visibilidade seria menor do que ser prefeito da maior cidade brasileira, assim como a pressão e as cobranças.
Em 2016, quando pré-candidato a prefeito de São Paulo pelo PP, Datena retirou sua candidatura, atribuindo a desistência às denúncias de corrupção que afetavam a sigla na Operação Lava Jato. Em 2018, quando pré-candidato ao Senado pelo DEM, também desistiu a pouco mais de três meses do pleito, ao alegar que não seria o momento adequado e pressão familiar. Desta vez, diz que a novela não vai se repetir: se resolver ser candidato, não recuará.
O apresentador vê uma “ânsia de mudança” na população brasileira e avalia que o momento polarizado da política fortalece os que não são extremistas: nem tão à esquerda, nem tão à direita. “A política está sendo depurada”, avalia. “Todas as variáveis apontam para que eu não seja candidato, a não ser uma vontade de entrar na política, ajudar de algumas forma, fazer algo de diferente e sair da zona de conforto”, completa.
A esposa do apresentador, Matilde Foresto Datena, costuma alertar que governar São Paulo “não é brincadeira, é uma zeladoria”. Mas ele confia: aposta que com uma boa bancada de vereadores, um secretariado competente e um vice de confiança, seria viável governar São Paulo. Ainda este mês, diz que tomará uma decisão definitiva sobre ser ou não cabeça de alguma chapa – ser vice está fora de cogitação.
Pessoas próximas ao ex-governador Márcio França confirmam a disposição dele em ser vice de Datena, mas dizem que o socialista é reticente sobre a real intenção do apresentador em se candidatar. Um dos motivos é justamente o cálculo político da relação custo-benefício entre se lançar agora ou esperar para tentar uma vaga ao Senado.