A pesquisa Datafolha divulgada nesta última quinta-feira (1º) mostra Jair Bolsonaro (PL) estacionado nos mesmos 32% de 15 dias atrás. Segundo o Estadão, isso é uma boa notícia para o candidato. Nem tanto pela oscilação negativa do maior rival, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que se mexeu dentro da margem de erro de 47% para 45%. Mas pelas informações extraídas de segmentos relevantes do eleitorado e de públicos até agora cativos da esquerda.
Bolsonaro começou a campanha com o pé esquerdo. Foi mal na entrevista ao JN e pior ainda no Debate da Band, no último domingo, quando atacou a jornalista Vera Magalhães e acabou sob uma chuva de críticas dos adversários. Ainda assim, repito, ele apareceu estável na pesquisa.
Mas são os números sobre o desempenho dele na Região Sudeste e entre os mais pobres (até 2 salários mínimos) o que mais chama atenção. Em um mês (ante o Datafolha feito em 27/28 de julho), ele ganhou cinco pontos entre os eleitores de renda mais baixa – passando de 20% para 25%. E no Sudeste subiu de 28% para 35%.
Os dados sugerem que, mais do que o Auxílio Brasil, os eleitores parecem estar respondendo à melhora da economia e à baixa da inflação. Não que esteja tudo bem – a inflação roda perto de 9% ao ano (segundo a prévia de agosto) e o crescimento do PIB do segundo trimestre não é visto como sustentável. Mas há um clima de despiora no ar.
A estabilidade do presidente, portanto, está sendo comemorada pelos aliados dele, que dizem que a economia “finalmente” passou a responder ao caminhão de estímulos injetados pelo governo – mesmo que ainda não saibamos como isso vai terminar em 2023.
Se será suficiente para virar o jogo a tempo da eleição, não se sabe. Mas é um sinal de que o PT terá que fazer mais do que prometer a volta dos anos dourados do governo Lula. Os problemas não são os mesmos de 2002 e o rival também é diferente.
Lula, por seu turno, entrou na campanha sem se explicar muito, com a leitura de que todos os votos dos que querem evitar um segundo mandato de Bolsonaro vão escorrer para ele.
O crescimento tardio da terceira via, com Simone Tebet (MDB) subindo de 2% para 5% e Ciro Gomes (PDT) resistente com 9%, mostra que as pessoas querem saber mais do que pretendem fazer os políticos. E se os planos do PT existem, como sugere o programa de governo com 400 páginas, terá tempo de mostrá-lo até o segundo turno. O sonho da vitória na primeira rodada parece ter ficado para trás junto com agosto, o primeiro mês de campanha eleitoral.