A primeira pesquisa Datafolha sobre a disputa eleitoral em São Paulo divulgada após o início oficial das campanhas indica avanço do ex-coach Pablo Marçal (PRTB), que agora empata na liderança com Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB). O candidato do PSOL tem 23% das intenções de voto, enquanto o empresário soma 21%. Já o atual prefeito e candidato à reeleição é superado numericamente pela dupla e aparece com 19% das menções.
Em relação ao levantamento de duas semanas atrás, Marçal cresceu sete pontos percentuais (o candidato tinha 14% da preferência na pesquisa divulgada em 8 de agosto. Nunes, por sua vez, teve variação negativa de quatro pontos frente aos 23% que detinha. Já Boulos oscilou um ponto para cima: tinha 22% e passou para os atuais 23%.
O trio é seguido à distância por José Luiz Datena (PSDB), com 10% (quatro a menos que no início do mês); Tabata Amaral (PSB), com 8%; e Marina Helena (Novo), que tem 4%. Também considerando a margem de erro, de três pontos percentuais para mais ou menos, os três estão tecnicamente empatados.
O candidato João Pimenta (PCO) somou 2% das intenções de voto, enquanto Altino (PSTU) conseguiu 1% das menções. Ricardo Senese (UP) e Bebeto Haddad (DC) não pontuaram. O percentual de eleitores que declaram a intenção de votar em branco ou nulo passou de 11% para 8% em duas semanas, enquanto os indecisos, aqueles que dizem “não saber” quem apoiarão em outubro, variaram de 3% para 4%.
Os dados do Datafolha indicam que o crescimento de Marçal se deu especialmente em cima de fatias do eleitorado que há duas semanas indicava preferência por Nunes ou Datena. O candidato do PRTB, que disputa espaço com o atual prefeito na direita, era escolhido por 29% dos eleitores que dizem ter votado em Jair Bolsonaro (PL) em 2022, e agora aparece com 44% das menções no grupo — Marçal agora é líder entre os bolsonaristas, embora o ex-presidente oficialmente apoie a candidatura de Nunes na cidade.
Os números do Datafolha eram aguardados pelas campanhas para indicar o saldo não apenas das primeiras ações de corpo a corpo dos candidatos, mas principalmente para mensurar os ganhos e perdas de cada um após os três debates já realizados. Levantamento da AtlasIntel divulgado ontem indicava Boulos e Nunes em viés de baixa, com Marçal em ascensão.
Figura que mais capitalizou nas redes sociais com os debates, o candidato do PRTB incomodou adversários e chamou a atenção do público ao abusar da virulência e do deboche, sempre com ataques aos rivais, nos encontros promovidos pela TV Bandeirantes e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”. No terceiro debate, da revista “Veja”, Marçal se recusou a responder às perguntas feitas pelas adversárias e mais uma vez preferiu provocações à discussão de propostas.
O empresário tem buscado atrair uma fatia do eleitorado na cidade alinhada com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que oficialmente apoia Nunes. O atual prefeito é pressionado por aliados do ex-mandatário a reagir às ofensivas de Marçal, mas tem apostado até o momento na estratégia de destacar feitos de sua gestão e mirar sua artilharia especialmente para Boulos.
O candidato do PSOL também é alvo preferencial de Marçal e tem reagido ao empresário com ações na Justiça Eleitoral. Líder histórico do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Boulos vem tentando afastar a pecha de “radical” — nesta semana, chegou a falar em “indícios de fraude” na eleição da Venezuela — e espera assegurar uma vaga no segundo turno colando sua imagem na do presidente Lula (PT), que fará sua estreia na campanha paulistana no sábado.
Boulos segue sendo o candidato mais conhecido na cidade. Na pesquisa espontânea, aquela em que o eleitor diz em quem pretende votar sem ser exposto à lista completa de candidatos, o deputado do PSOL foi citado por 17%. Nunes foi lembrado por 7% dos entrevistados.
Estreante em eleições, Datena teve pouco destaque nos debates (ele próprio considerou “muito ruim” sua participação no programa da Band) e começou a campanha em marcha lenta. Sua primeira agenda pública durou cerca de 20 minutos: uma visita ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, a 180 quilômetros da capital paulista.
Já Tabata tem feito esforços para apresentar sua trajetória como parlamentar e se mostrar uma candidata propositiva. Sem apoio de outros partidos, a deputada federal terá como desafio o pouco tempo de televisão: serão só 30 segundos por programa eleitoral, que começará a ser veiculado a partir do dia 30.
O Datafolha entrevistou presencialmente 1.204 eleitores de São Paulo entre terça e quinta-feira. A margem de erro máxima é de três pontos percentuais para mais ou menos, para um nível de confiança de 95%. Contratada pela TV Globo junto ao jornal “Folha de S.Paulo”, a pesquisa está registrada na Justiça Eleitoral sob o número SP-08344/2024.