Os eleitores de Ciro Gomes (PDT) são os que mais rejeitam a interferência da religião na política, quando comparados aos apoiadores dos dois principais candidatos à Presidência, mostra pesquisa Datafolha realizada na semana passada.
A maioria deles (56%) discorda total ou parcialmente da frase “política e valores religiosos devem andar sempre juntos para que o Brasil possa prosperar”. A porcentagem é superior à dos adeptos de Luiz Inácio Lula da Silva, do PT (48%), e, principalmente, de Jair Bolsonaro, do PL (25%).
Os apoiadores do pedetista também são os únicos que, em sua maioria, discordam da frase “para ter meu voto, é mais importante um candidato defender os valores da família do que ter boas propostas para a economia”.
Enquanto 56% dos que pretendem votar nele rejeitam essa ideia, o número cai para 38% entre lulistas e 26% entre os bolsonaristas.
Os “valores da família”, inclusive, são os menos citados pelos eleitores de Ciro quando questionados sobre as três áreas mais relevantes para decidir seu voto para presidente. Só 12% deles elencam o tema como prioridade, contra um total de 22%.
Por outro lado, o grupo se preocupa mais do que a média com saúde (85%, contra 81% em geral) e educação (81%, contra 75%) —ainda que dentro da margem de erro da pesquisa, que é de dois pontos percentuais no geral, mas sobe para quatro entre os apoiadores do pedetista.
A priorização de emprego e renda também fica numericamente acima quando comparada ao eleitorado total (61%, contra 57%). Já quanto ao combate à violência e à corrupção, os que simpatizam com Ciro seguem a maioria.
O último Datafolha, que ouviu 5.734 pessoas entre a última terça (30) e quinta (1º), também mostrou que os eleitores do ex-ministro estão especialmente descontentes com as ações de Bolsonaro na saúde e no emprego e na renda. Nove em cada dez deles querem mudanças.
Sobre o combate à violência e à corrupção, eles estão menos insatisfeitos com o presidente do que os eleitores de Lula: cerca de 75% deles quer alterações nessas áreas, contra 90% dos apoiadores do petista.
O levantamento foi contratado pela Folha e pela TV Globo e está registrado na Justiça Eleitoral sob o número BR- 00433/2022. A amostra dos demais candidatos é muito pequena para a análise.