A nova rodada da pesquisa Datafolha, publicada nesta quinta-feira (18), mostra que o presidente Jair Bolsonaro (PL) cresce três pontos e chega a 32% das intenções de votos do eleitorado brasileiro. No entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mantém estável na liderança da corrida pela Presidência da República com o mesmo índice do último levantamento: 47% da preferência dos entrevistados.
No início oficial de uma campanha eleitoral que já dura meses na prática, o presidente Jair Bolsonaro (PL) reduziu a diferença para o líder da corrida no primeiro turno da eleição de outubro, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), para 15 pontos. Em maio, a distância era de 21 pontos e, em julho, de 18.
O ex-presidente tem 47% dos votos, ante 32% do atual titular do Planalto.
A linha de largada, segundo a mais recente pesquisa do Datafolha, é completada por Ciro Gomes (PDT), com 7%, e um pelotão de adversários empatados perto do traço.
O instituto ouviu 5.744 eleitores em 281 cidades de terça (16), data do começo da campanha de rua, e esta quinta (18). A pesquisa, contratada pela Folha e TV Globo, foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral com o número BR-09404/2022.
Com sua margem de erros global de dois pontos para mais ou menos, o levantamento mostra que Lula ainda mantém chances de ganhar no primeiro turno por uma margem estreita.
Ele soma 51% dos votos válidos, excluindo os 6% de brancos e nulos, que é a forma com que a Justiça Eleitoral contabiliza o resultado final —vence quem tiver 50% mais um voto no dia 2 de outubro.
Em relação à pesquisa anterior, feita em 27 e 28 de julho, o cenário é um pouco mais favorável para os estrategistas do presidente, mas ainda não o esperado.
Lula se manteve com os mesmos 47%, enquanto Bolsonaro avançou três pontos, mantendo uma curva suavemente ascendente apesar de a oscilação estar perto do limite da margem de erro.
Bolsonaro apostou suas fichas no Auxílio Brasil, cuja primeira parcela começou a ser paga no dia 9, e nas sucessivas reduções de preço de combustíveis operadas pela Petrobras após o presidente intervir na chefia da estatal.
Resultado entre os mais pobres, aqueles que ganham até 2 salários mínimos e formam 51% da amostra do Datafolha, não foi ainda claro: Bolsonaro manteve os 23% que havia conquistado na rodada anterior. Lula, por sua vez, oscilou positivamente um ponto, para 54%.
A margem de erro específica desse segmento é de três pontos percentuais, a mesma da faixa de 2 a 5 mínimos, que compõe 33% da amostra e de onde sai a melhor notícia para Bolsonaro neste levantamento: ele subiu sete pontos, empatando tecnicamente com Lula, a quem bate por 41% a 38%.
Aqui, uma explicação possível é a sobreposição do estrato com o dos evangélicos, 25% do eleitorado nesta amostra. Entre eles, o presidente avançou ainda mais, subindo de 43% para 49%, enquanto o petista oscilou de 33% para 22%. O impacto das reduções de energia também é fator a ser considerado.
Já o investimento que Bolsonaro fez no período um grande no eleitorado feminino, no qual historicamente tem dificuldades, perdeu o ímpeto mostrado na pesquisa de julho: ele oscilou de 27% para 29%, enquanto Lula foi de 46% para 47%,
Bolsonaro colocou sua mulher, Michelle, em palanques e eventos de campanha. Evangélica e dona de retórica que associa o PT ao diabo, ela apela a esse público.
No corte regional, o ex-presidente segue rei no Nordeste (27% da população com direito a voto), batendo o atual por 57% a 24%. Foco das campanhas nessa primeira etapa, o populoso Sudeste (43% da amostra) ainda dá folga ao petista: 44% a 32% de Bolsonaro.
No Sul (14% dos ouvidos), o presidente supera o petista por 49% a 43%, mantendo vantagem no Centro-Oeste (7% dos ouvidos), batendo Lula por 42% a 36%. Já no Norte (8% dos eleitores), há empate com Bolsonaro à frente (43% ante 41%).
Quando o Datafolha questiona o entrevistado de forma espontânea acerca de seu voto, sem mostrar a lista de candidatos, Lula é o mais citado com 40%, seguido por Bolsonaro (28%). Dizem não estar decididos sobre o voto 22%.
A pesquisa também indica que a campanha continuada de Bolsonaro contra o sistema eleitoral e a reação da sociedade civil, empresariado e classe política expressas em cartas pela democracia e na ovação a Alexandre de Moraes em sua posse à frente do TSE, mexeu pouco com o ânimo do eleitorado em geral.
Entre os mais ricos, supostamente com maior acesso a informação, Lula avançou entre os mais ricos (renda superior a 10 salários mínimos), passando de 33% para 40%, empatando com Bolsonaro, que oscilou de 44% para 43%. Esse eleitorado responde só por 3% da amostra, e a margem de erro específica é mais alta, de seis pontos.
Já entre os mais escolarizados, há um empate no limite da margem de erro, com Lula marcando 40% e Bolsonaro, 36%. Esses eleitores com diploma de curso superior são 22% da amostra.
O petista tem vantagem mais ampla entre quem tem até o fundamental (55% a 27%, 31% dos ouvidos) e entre os 46% que fizeram o ensino médio (44% a 34%).
A disputa fora da dianteira segue o mesmo padrão dos últimos meses. Ciro estacionou em 7%, ante 8% do levantamento passado. Confirmada candidata da chamada terceira via, com apoio do alquebrado PSDB e do Cidadania, Simone Tebet (MDB) patina nos nesmos 2%.
Ela perdeu companheiros de lanterna, como André Janones (Avante), que desistiu da disputa para apoiar Lula, e Pablo Marçal (Pros), que por ora está fora por uma decisão no mesmo sentido de seu partido que ainda está sub judice.
Completam o quadro Vera Lúcia (PSTU, com 1%). Leonardo Péricles (UP), Felipe D’Ávila (Novo), Soraya Thonicke (UB), Eymael (DC), Roberto Jefferson (PTB) e Sofia Manzano (PCB) não pontuam.
Em relação à pesquisa anterior, deixaram a disputa Janones, Luciano Bivar (UB) e Carlos Alberto dos Santos Cruz (Podemos), os dois últimos nunca pontuaram. Entrou na disputa Jefferson, que está em prisão domiciliar, e a senadora Thronicke.