Embora em lados radicalmente opostos na polarização política que vem marcando o período da pré-campanha de 2022, eleitores dos pré-candidatos a presidente Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) têm impressões muito semelhantes segundo Flávio Tabak , do jornal O Globo, sobre o trabalho dos senadores e deputados federais.
Independentemente de o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), estar apoiando abertamente Bolsonaro e ter inclusive vestido uma camiseta com o nome do presidente na convenção do PL no último dia 24 de julho, apenas 15% dos entrevistados pelo último Datafolha e que pretendem votar no presidente avaliam o trabalho do Congresso como ótimo ou bom. Entre os que preferem Lula, o número é 11%, em empate dentro da margem de erro para ruim/péssimo.
Se apoiadores de Lula e Bolsonaro discordam em quase tudo, este definitivamente não é o caso das opiniões sobre o Congresso. Para 48% dos que escolhem Lula para presidente, o trabalho de deputados e senadores é regular; entre os que preferem o presidente reeleito, 44%. E, em ambos os grupos, 37% consideram a atuação do Congresso ruim ou péssima. Se considerada a margem de erro, todos os resultados entre eleitores dos dois são exatamente os mesmos em relação ao Congresso.
No recorte por renda, os que ganham mais de dez salários mínimos como renda mensal familiar são os que mais rejeitam o trabalho do Congresso: 54% consideram ruim ou péssimo. Na faixa dos com menos renda (até dois salários) até o grupo dos com ganhos de cinco a dez salários, o ruim ou péssimo varia de 35% a 46%, em aparente equilíbrio. O ótimo/bom do Congresso é baixo em todos os estratos de renda, ligeiramente superior entre os que estão na base da pirâmide social (14%, até dois salários como renda mensal), indo até 5%, entre os que ganham mais de dez salários.
Contratado pela ‘Folha de S.Paulo’, o Datafolha entrevistou, nesta quarta e quinta-feira, 2.556 eleitores em 183 municípios de todas as regiões do país. A pesquisa foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) sob o protocolo BR-01192/2022. A margem de erro é de dois pontos percentuais, e o índice de confiança é de 95%.