De tão clássica, virou ponto turístico. A Sorveteria da Ribeira, que fica no bairro à beira-mar de mesmo nome, em Salvador, foi eleita uma das 100 melhores do mundo pela enciclopédia gastronômica internacional TasteAtlas, na posição 74. Mas, sinceramente, isso não é novidade para os baianos.
Fundada em 1931, a Sorveteria da Ribeira é a segunda mais antiga de Salvador – atrás apenas da Cubana, aberta um ano antes. Hoje a marca tem 66 sabores no cardápio, mas já chegou a ter mais de 70. Além dos de fruta e derivados do leite, o estabelecimento também conta com produtos diet e light.
De todos eles, o sabor eleito mais icônico da Sorveteria da Ribeira pela TasteAtlas foi o de tapioca, e não é para menos: é disparado o mais vendido e preferido entre os clientes. Desde 2008, a loja pertence Francisco Carlos Lemos, mas tem admiradores fiéis como o guia turístico Moisés Cafezeiro.
“Quando os turistas quando chegam aqui, a primeira coisa que eles pedem é o sorvete de tapioca, eles já vêm querendo tomar o de tapioca, especialmente os turistas de fora [do Brasil], porque é uma coisa nossa, altamente brasileira”, destacou ele.
Autointitulado “marqueteiro orgânico” da Sorveteria da Ribeira, Cafezeiro é tão fiel ao estabelecimento que conhece até os processos de produção e venda da iguaria. Ao portal g1 ele contou que toda a matéria-prima usada para a fabricação dos sorvetes vem de lugares diferentes, mas todos na Bahia.
“A mandioca, que é o produto do sorvete de tapioca, é a rainha da agricultura familiar no Brasil. Essa invenção de fazer o sorvete de tapioca foi o que deu à Sorveteria da Ribeira o diferencial. Todos os sorvetes são feitos com ingredientes daqui. A tapioca vem de Nazaré das Farinhas, a manga vem de Mar Grande, o umbu da Ilha de Maré, o caju da região de Itaparica. Isso dá o diferencial, porque além da produção ser toda artesanal, usamos ingredientes naturais”.
O segundo sorvete mais vendido é o de umbu-cajá: uma fruta cítrica originalmente do semiárido nordestino, criada a partir do cruzamento do umbu e do cajá, duas frutas que também são naturais e exclusivas do Nordeste brasileiro.
“Eu adoro o de tapioca, mas os meus preferidos são de cupuaçu e chocolate africano. Eu moro no Bonfim, então estou sempre por aqui. É uma delícia que ainda distrai a mente, a gente toma um sorvete, vê o mar, passa a tarde, espairece um pouco”, disse a professora Elisa Souza.
Também dá para encontrar sabores como mamão papaya, banana caramelizada, jenipapo e até biribiri – outra fruta tipicamente baiana, que é conhecida pelas propriedades que servem para controle de algumas doenças como hipertensão e hiperlipidemia, que é o alto índice de gordura no sangue.
E de tão famosa pelo sabor, a Sorveteria da Ribeira começou a se espalhar. A empresa agora tem pontos de vendas em outros bairros, como o Imbuí, em shoppings da capital e até em outras cidades, como Mata de São João, Feira de Santana e Cairu – que tem unidade em Morro de São Paulo.
A família Ferreira Rocha, de Feira de Santana, inclusive, saiu do município que fica a 100 km de Salvador e foi até a capital, para experimentar a delícia “direto da fonte”, como conta Priscila que foi à sorveteria com a mãe, a irmã, a filha e duas amigas.
“Lá também tem uma Sorveteria da Ribeira, mas a gente precisava vir experimentar aqui, para provar o sabor daqui. E também porque vir aqui na Ribeira tem um sabor especial, a cada dia a gente descobre um sabor novo. Eu mesmo nunca tinha experimentado o que experimentei hoje, de delícia de abacaxi”.