Coordenar a oposição a Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados será um dos desafios de Daniel Almeida (PCdoB) à frente da bancada comunista em 2019. A indicação do parlamentar para o cargo foi confirmada neste final de semana, em São Paulo, em reunião da legenda. Esta é a terceira vez que o baiano coordenará a bancada – já foi líder em 2009 e 2016.
“O debate da ordem do dia é a Reforma da Previdência. Ela já chegou à Casa e é integralmente danosa. É um desmonte da Previdência pública. Essa reforma é para maltratar os pobres. É mentira que vai distribuir os sacrifícios. E vamos enfrentar esse debate. Há um debate a ser feito sobre privatização. Eles querem privatizar tudo e nós somos contra. Há uma tentativa de entrega da soberania nacional, que nós não vamos permitir”, elencou.
Segundo Almeida, o fato de a base do governo Bolsonaro estar desarticulada pode contribuir com o trabalho da Oposição. Para ele, os vários grupos que formam o governo, e seus interesses, dificultam uma coesão.
“Este é um governo que não tem uma forma definida. São vários grupos: o grupo de Guedes, o grupo ligado ao Moro, os militares, a turma evangélica, do agronegócio. São muitos interesses. Esse conjunto de coisas leva a um conflito muito grande da base. São muitas estrelas, mas sem nenhuma visão sobre os problemas do Brasil”, disse.
A própria Reforma da Previdência já vem gerando desconforto na base. Parlamentares ligados ao Planalto têm subido à tribuna da Câmara para desqualificar a proposta defendida pelo Executivo, lembrando que há menos de um ano, Bolsonaro criticava o texto apresentado por Temer. “Eles estão batendo cabeça. Isso pode ser algo que jogue a favor dos interesses nacionais. Vamos nos coesionar para fazer o enfrentamento necessário”, defendeu Almeida.
Além do trabalho de Oposição, o parlamentar destacou pontos que os comunistas defenderão em 2019. Entre eles, o debate sobre uma reforma tributária progressiva, a taxação de grandes fortunas, a retomada de investimentos em educação e na indústria nacional.
Daniel Almeida está no quinto mandato na Câmara. O parlamentar deixou a profissão de técnico em instrumentação industrial para apostar na carreira política. Iniciou sua militância na antiga Escola Técnica (hoje Cefet). Foi presidente do Sinditêxtil e da CUT Metropolitana, liderando importantes greves operárias e apoiando movimentos dos trabalhadores em Camaçari (BA) e em outras concentrações industriais da Região Metropolitana de Salvador. Foi vereador em Salvador por quatro mandatos entre 1989 e 2003. Em 2002, elegeu-se deputado federal.