A vereadora Ireuda Silva (Republicanos) chorou segundo Henrique Brinco, do jornal Tribuna da Bahia, momentos antes do Ato Nacional Contra a Violência Política, na Câmara de Salvador, ontem. O evento, que foi convocado pela cúpula nacional do Republicanos e contou com a presença da senadora Damares Alves, serviu como um ato de repúdio em favor da edil soteropolitana.
A vereadora de Salvador teria sido alvo de uma agressão racista e machista após a votação do reajuste dos professores da rede municipal, no último dia 12 de junho. Uma manifestação aconteceu depois da aprovação, de forma unanime, do projeto de lei do Executivo que concedeu aos professores da rede municipal de ensino um reajuste de 8% do salário. A categoria pedia uma adequação de 20%.
Ao deixar o Plenário, a vereadora foi alvo de ataques por ter votado junto com a base governista. Segundo ela, um dos participantes de acordo com o jornal Tribuna, que teria lhe agredido era um homem. “Ele colocou o dedo na minha cara várias vezes. Isso, para sair da minha cabeça, precisei de apoio”, ressaltou, em coletiva de imprensa antes da sessão.
“Me incomodou muito aquele homem colocando o dedo na minha cara perguntando ‘como você votou’. Depois, ele segue para as redes sociais e afirma que os candidatos do Republicanos, que pertencem à Igreja Universal, são incapazes. As pessoas dizem ‘isso não deve te afetar’, mas afeta”, lamentou Ireuda Silva.
Damares também se solidarizou com a correligionária. “Mulher negra, mesmo estando em um lugar de poder e de decisão, mesmo sendo uma autoridade, tem sido, no Brasil, infelizmente, vítimas de preconceito, racismo e discriminação e violência política. Nós não vamos mais tolerar isso”, protestou a senadora.
O Ministério Público da Bahia (MP-BA) está investigando o caso. A denúncia foi acolhida pela promotora Sara Gama, que coordena o Núcleo de Enfrentamento às Violências de Gênero em Defesa dos Direitos das Mulheres. Na oportunidade, o presidente da Câmara de Salvador, vereador Carlos Muniz (PSDB), expressou repúdio ao ocorrido e prometeu tomar as medidas cabíveis. “Os professores sempre exigem. Se exigem respeito, precisam respeitar. Isso não foi feito por professores. Na próxima votação, vou mandar reforçar a segurança. Nenhum vereador pode ser agredido pela forma de votar”, criticou Muniz.
Além de Damares Alves, pelo menos outras 16 parlamentares e autoridades de todo o Brasil estiveram presentes. Junto às diversas autoridades, a exemplo de representantes do Ministério Público, e outros membros do partido, como a deputada federal Rogéria Santos, Damares fez parte da mesa que debateu as agressões sofridas pela vereadora, presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher.