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quarta-feira 26 de julho de 2023 às 17:38h

Dados de GPS podem ajudar a prever terremotos

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Prever o surgimento de um terremoto ainda é um desafio a ser superado. Mas, um novo estudo afirma que existe uma fase precursora de deslizamento nas falhas geológicas que aparece duas horas antes de uma ruptura sísmica. A descoberta renovou as esperanças em torno da criação de um sistema de alerta de terremotos.

A pesquisa realizada pelos cientistas franceses Quentin Bletery e Jean-Mathieu Nocquet da Universidade de Côte d’Azur, publicada pela revista Science, analisou dados de séries temporais do Sistema de Posicionamento Global (GPS) de quase 100 grandes terremotos em todo o mundo.

A previsão de terremotos em curto prazo e a capacidade de emitir alertas com minutos ou até meses de antecedência até o surgimento de um sismo depende de um sinal geofísico precursor definitivo e observável.

Estudos retrospectivos anteriores sobre vários terremotos sugerem que é possível observar uma fase precursora de deslizamento sísmico lento nas falhas geológicas antes da ocorrência do sismo principal.

Entretanto, é difícil compreender a relação entre esses deslizamentos e a ocorrência dos sismos, uma vez que eles não precedem diretamente um evento e ocorrem, com frequência, sem serem seguidos por terremotos. Além disso, continua sendo incerta a existência de um sinal precursor claro capaz de permitir a prevenção de grandes terremotos.

Deslizamento precursor a curto prazo

O estudo apresenta uma busca global sistemática do deslizamento precursor a curto prazo das falhas antes do surgimento dos grandes terremotos.

Com a utilização de dados de séries temporais de GPS de alta velocidade procedentes de 3.026 estacoes geodésicas ao redor do mundo, os cientistas mediram o deslocamento das falhas até duas horas antes da ocorrência de 90 terremotos de magnitude 7 ou superior.

A análise estatística dos dados revelou “um sinal sutil consistente com um período de aceleração exponencial do deslizamento da falha próximo ao epicentro do eventual terremoto, que começou aproximadamente duas horas antes da ruptura”, afirma o texto publicado na Science.

Essas descobertas sugerem que muitos dos grandes terremotos começam com uma fase precursora de deslizamento, o que representa o final de um processo de deslizamento precursor muito mais amplo e mais difícil de se medir, afirmam os autores.

Falta de instrumentos da vigilância

Apesar de o estudo sugerir provas da existência de um sinal precursor, a equipe afirma que os instrumentos atuais de vigilância sísmica carecem da cobertura e precisão necessárias para identificar ou vigiar o deslizamento precursor.

Um artigo que acompanha a pesquisa indica que, apesar de os resultados sugerirem que “pode haver uma fase precursora de horas de duração, não está claro se essas acelerações dos deslizamentos lentos estariam claramente associadas aos grandes terremotos, ou se poderiam ser medidas em eventos individuais com a precisão necessária para proporcionar uma advertência útil”.

O autor do artigo, Roland Bürgmann da Universidade da Califórnia, que não participou da pesquisa, acrescenta que se for possível confirmar que a nucleação (fase anterior ao sismo) dos terremotos poderia implicar em uma fase precursora de horas de duração – e se forem desenvolvidos meios de medi-las de maneira confiável – será possível então emitir alertas de terremoto.

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