A Anvisa aprovou neste último domingo (17) que as vacinas da Oxford e CoronaVac sejam utilizadas em território nacional em caráter emergencial. A decisão histórica deu início a mais um capítulo da disputa política entre o presidente Jair Bolsonaro e João Doria (PSDB), governador de São Paulo. Tudo por conta das datas nas quais foram iniciadas as vacinações conforme o Yahoo Notícias.
Doria, possível rival de Bolsonaro pelo Planalto em 2022, não demorou uma hora para iniciar a vacinação em São Paulo, estando lado a lado da primeira brasileira vacinada no país. Em coletiva, sem emocionou e rebateu críticas de Eduardo Pazuello, ministro da Saúde. O titular da pasta, por sua vez, acusava o governador paulista por conta justamente das datas.
Cronograma de vacinação: as datas que você precisa saber
Pazuello antecipou o Plano Nacional de Vacinação começará neste segunda-feira, 18 de janeiro. A data é posterior a Doria, que já considera a vacinação em seu estado iniciada em 17 de janeiro. Em seu site oficial, o governo de São Paulo veiculou nota na qual considera iniciada a vacinação.
“São Paulo começou a vacinar a população contra a COVID-19 neste domingo (17). A imunização teve início após a aprovação do uso emergencial da vacina do Instituto Butantan pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária)”, afirma a nota do governo paulistano.
Ainda na coletiva, Doria explicou que a partir desta segunda, 18 de janeiro, entra em operação o plano logístico de distribuição de doses, seringas e agulhas, com envio das grades para imunização de trabalhadores de saúde de seis hospitais de referência do estado: HCs da Capital e de Ribeirão Preto (USP), HC da Campinas (Unicamp), HC de Botucatu (Unesp), HC de Marília (Famema) e Hospital de Base de São José do Rio Preto (Funfarme).
O Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP montou uma operação de guerra para vacinar seus cerca de 28 mil profissionais de saúde na primeira etapa de vacinação, já a partir de 18 de janeiro. Neste domingo (17), o HC foi o primeiro local a aplicar a Coronavac, desenvolvida pela chinesa Sinovac com estudos clínicos conduzidos, no Brasil, pelo Instituto Butantan.
O governo do Rio garantiu que estará pronto para iniciar a vacinação contra a Covid-19 simultaneamente nos 92 municípios fluminenses na próxima quarta-feira, 20 de janeiro, como determinou o Ministério da Saúde após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa. O governador em exercício Cláudio Castro afirmou que vai para São Paulo ainda na madrugada desta segunda-feira, onde acompanhará o envio das doses que serão destinadas ao estado a partir das 7h.
Os Estados serão responsáveis pela distribuição e os municípios pela execução, em movimento pactuado com o governo federal.
Cronograma de vacinação: as datas conhecidas até o momento
- 17 de janeiro: início da imunização em São Paulo
- 18 de janeiro: envio de materiais e vacinas para os estados pelo Ministério da Saúde
- 20 de janeiro: início da imunização pelo Plano Nacional de Vacinação
O que é a CoronaVac?
A CoronaVac é uma vacina contra a Covid-19 que funciona a partir da utilização de vírus expostos a uma técnica que os coloca em exposição ao calor e produtos químicos para que eles não sejam capazes de evoluir. Não existe presença do vírus Sars-Cov-2 vivo na solução e, por isso, os riscos desse tipo de imunizante são menores.
Qual foi a eficácia da CoronaVac? O que isso significa?
A CoronaVac atingiu uma eficácia global de 50,38%.
Este dado não havia sido revelado até então. Na prática, ele significa que quem for imunizado tem 50,38% de chance de não ser infectado pela Covid-19.
O índice mínimo recomendado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) e pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para aprovação é 50%.
A taxa de eficácia representa a proporção de redução de casos entre o grupo vacinado comparado com o grupo não vacinado.
Para o Butantan obter esse dado, foi preciso analisar o número de casos entre os voluntários que receberam a CoronaVac e comparar com o número de infectados no grupo que recebeu um placebo — uma substância salina sem efeito no organismo.
Foram 9.242 voluntários ao todo: 4.653 receberam a CoronaVac, e outros 4.599 receberam o placebo.
Durante os testes, o grupo da vacina apresentou 85 infecções por Covid-19, correspondendo a 1,8% (85 infectados / 4.653 voluntários).
Enquanto isso, o grupo da substância salina manifestou 167 casos positivos, equivalendo a 3,6% (167 casos / 4.599 voluntários).
Portanto, ao confrontar os percentuais, chega-se ao patamar de 50,38%.
CoronaVac: quantas doses serão produzidas para o Brasil?
Não se tem um número preciso de quantas doses da CoronaVac estarão disponíveis para o Brasil. Em setembro de 2020, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afirmou que receberia 46 milhões de doses após pagamento de US$ 90 milhões.
O número não é preciso, no entanto, porque não se sabe se o acordo citado pelo governador paulista envolve ou não os R$ 85 milhões que o governo de São Paulo afirmou, em junho de 2020, ter pago ao laboratório.
Os dois acordos não foram divulgados na íntegra para a imprensa e o grande público.
O que é a vacina de Oxford?
A vacina de Oxford é um imunizante contra a Covid-19 produzido pela Universidade de Oxford em parceria com a farmacêutica anglo-sueca AstraZeneca que funciona com uma tecnologia conhecida como vetor viral recombinante. Isso quer dizer que sua produção acontece a partir da versão enfraquecida de um adenovírus que causa resfriado em chimpanzés, mas não tem efeito em seres humanos.
Do imunizante que é criado, os produtores da vacina de Oxford adicionaram material genético usado na proteína conhecida como “spike” do Sars-Cov-2. É essa que ele usa para invadir as células, o que induz os anticorpos.
Vacina de Oxford: quantas doses serão produzidas para o Brasil?
Em entrevista coletiva no dia 7 de janeiro, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou que prevê mais de 250 milhões de doses da vacina de Oxford para o Brasil.
Segundo as contas do ministro, serão produzidas 100,4 milhões de doses pela Fiocruz até julho, com a produção da função chegando a mais 110 milhões de doses entre agosto e dezembro.
Para fechar os números, o ministro ainda fala de 42,4 milhões de doses recebidas por meio do consórcio Covax Facility, da Organização Mundial da Saúde (OMS).