Já ficou evidente que uma das tarefas do terceiro governo Lula é reabilitar alguns companheiros que ficaram pelo caminho, seja por questões políticas, seja por problemas policiais ou com a Justiça. A fila é grande, conforme publicou r Leonardo Caldas, da revista Veja: o ex-ministro José Dirceu, a ministra Marina Silva, a ex-presidente Dilma Rousseff…só para citar alguns. Mas há aqueles que o petista não perdoa de jeito nenhum — o ex-ministro Antonio Palocci, que delatou o esquema do petrolão, é o maior exemplo. E há aqueles que o presidente parece simplesmente ignorar — caso do professor Cristovam Buarque.
No primeiro mandato de Lula, em 2003, Cristovam ocupou o Ministério da Educação. O professor instituiu o Bolsa Escola, quando governou o Distrito Federal, construindo as bases do que viria a ser o Bolsa Família. Na época, ele se desentendeu com o presidente e acabou demitido de maneira humilhante — pelo telefone. Desde que saiu do governo, em 2004, Buarque se tornou opositor e crítico do PT e, inclusive, votou pelo impeachment de Dilma Rousseff. Somente no ano passado reconstruiu essa relação no que diz ter sido “um ato em defesa da democracia”.
Usando os canais que ainda cultiva dentro do PT, o ex-ministro fez chegar ao presidente que gostaria de ser indicado para o cargo de delegado junto à Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Lula, porém, manteve a indicação de uma embaixadora, feita pelo governo Bolsonaro, para o posto. A justificativa que Buarque recebeu por não ter sido escolhido foi a de uma suposta necessidade do presidente em fortalecer “a presença feminina na política”. Na verdade, talvez Lula ainda não tenha superado as divergências políticas que um dia teve com seu ex-ministro.
“Esqueceram de mim”, lamentou Cristovam Buarque.