O ex-governador do Paraná Roberto Requião anunciou que decidiu deixar o PT em meio à crise provocada pela intervenção nacional feita no diretório de Curitiba para impor o apoio do petismo local ao ex-prefeito Luciano Ducci (PSB) na eleição municipal deste ano.
Requião foi governador do estado três vezes e senador por dois mandatos e é um dos principais nomes da política do estado. Na eleição de 2022, disputou o governo do Paraná filiado ao PT e apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e presidente nacional da legenda, Gleisi Hoffmann, que é do Paraná. Teve 26% dos votos e não conseguiu impedir a reeleição de Ratinho Junior (PSD) ainda no primeiro turno.
“O partido quer lançar um cabra de direita para fazer a troca de apoio em outros estados”, criticou Requião, se referindo a Luciano Ducci. Embora esteja no PSB, aliado nacional do PT, Ducci já foi do PSDB entre 2005 e 2007, quando era vice-prefeito de Curitiba e assumiu a prefeitura após a saída do tucano Beto Richa para disputar o governo.
“Lamentável”
“Que notícia lamentável! Estou com a consciência tranquila, pois alertei a todos, ontem, que o prejuízo para o partido seria significativo. Infelizmente, isso é apenas o começo, mas ainda há tempo para a Executiva Nacional corrigir esse erro”, postou o deputado Zeca Dirceu, líder do PT na Câmara dos Deputados e pré-candidato à prefeitura de Curitiba.
Ele tem sido um dos mais duros críticos à intervenção da Executiva Nacional do PT em Curitiba, promovida por um grupo de trabalho eleitoral coordenado pelo senador Humberto Costa (PT-PE). A intervenção foi anunciada neste mês e proibiu a realização de encontro pelo diretório municipal que avaliaria o lançamento de candidatura à prefeitura.
A intervenção jogou para a Executiva Nacional a discussão sobre a candidatura na capital do Paraná. O movimento deve resultar no fechamento do apoio a Ducci, em troca de alianças com o PSB em outras disputas municipais e em 2026.
Apoio a Lula mantido
Em vídeo postado no X (antigo Twitter), Requião também critica o apoio do governo Lula às privatizações em andamento no estado (rodovias, Copel e Sanepar. “Está ficando difícil entender o que está acontecendo”, afirma o ex-governador, que diz ter se aproximado de Lula em 2022 para combater o “liberal-fascismo” que estava tomando conta do país.
Ele ressalva, no entanto, que, apesar de deixar o PT, continua apoiando Lula e diz que o governo do petista é “extraordinário”. “Sem a menor sombra de dúvida, o governo Lula tem feito coisas extraordinárias. A política externa é perfeita, as declarações dele têm o nosso mais amplo apoio. A história da Marielle só foi resolvida porque o Lula ganhou a eleição”, disse.