O vice-governador da Bahia e secretário estadual do Planejamento, João Leão (PP), garantiu em entrevista ao jornal Tribuna nesta última quinta-feira (23) que a crise no mercado chinês não afetará a construção da ponte Salvador-Itaparica. Na semana passada, a Evergrande, que é uma empresa gigante do setor imobiliário chinês, informou que não conseguiria cumprir os pagamentos de juros da dívida. O anúncio provocou uma derrubada das bolsas de valores pelo mundo, com receio de calote.
“Não tem nada a ver (a crise do mercado chinês e da Evergrande) com as duas empresas que estão aqui (na Bahia). Absolutamente nada. Isso não tem nada a ver. Aqui nós já começamos (a ponte). Começamos com a sondagem da ponte”, garantiu Leão ao jornal.
Depois de criar uma expectativa de que o governo chinês ajudaria a empresa, diminuindo a chance de colapso, houve uma alta na bolsa de valores. O banco central chinês informou que injetou mais de US$ 17 bilhões no sistema financeiro ontem, com o objetivo de acalmar o mercado, em meio às preocupações com a gigante imobiliária. Foi a maior injeção de curto prazo em oito meses.
A ponte Salvador-Itaparica será erguida por um consórcio chinês formado pela CR20 (China Railway 20 Bureau Group Corporation) e pela CCCC (China Communications Construction). As empresas têm quatro anos para entregar o equipamento. Orçada em R$ 5,3 bilhões, a ponte terá recurso de R$ 3,8 bilhões dos empresários, já o governo baiano injetará R$ 1,5 bilhão. Quando concluída, a ponte, que é uma antiga promessa dos governos petistas desde Jaques Wagner, será a segunda maior do Brasil, atrás apenas da Rio-Niterói.
O governo da Bahia tem dito que o pedágio da ponte custará entre R$ 22 e R$ 110, sendo R$ 44 para veículos de passeio em dias de semana. Segundo a gestão estadual, o valor é semelhante ao que se paga atualmente para atravessar um carro no atual sistema ferryboat – R$ 45,70 para veículos de passeio.
Ontem, o vice-governador João Leão disse que o governo estadual aguarda a liberação dos licenciamentos pela prefeitura de Salvador para iniciar a construção da ponte. Segundo ele, o pontapé inicial para erguer o equipamento deve ocorrer entre final de novembro e início de dezembro.
“Nós precisamos agora das autorizações da prefeitura de Salvador, que nós já demos entrada. A própria empresa deu entrada”, disse João Leão. No final de julho, o prefeito soteropolitano Bruno Reis (DEM) prometeu que não atrapalharia a construção do equipamento.
“O Município não será empecilho. Pelo contrário, todas as autorizações de início de obras, retirada de obras, licenciamento contará com todo o apoio do Município. Porém, hoje, chegamos ao início do mês de agosto, e não há nenhum projeto em relação à ponte dado entrada na prefeitura. Ou seja, não há solicitação formal. Respeitando o que estabelece a lei, vamos dar toda a celeridade, porque entendemos que são projetos importantes para o desenvolvimento da cidade”, declarou, na época.