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Vijay Mallya herdou o negócio de bebidas de seu pai, o UB Group, e o transformou no segundo maior grupo de bebidas do mundo
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quinta-feira 9 de janeiro de 2020 às 08:26h

Crimes sem punição: Conheça os bilionários que conseguiram escapar da lei

CURIOSIDADES, JUSTIÇA


Na noite de 29 de dezembro, Carlos Ghosn, o rico ex-CEO da Nissan, escapou ousadamente da prisão domiciliar monitorada pelo tribunal no Japão, supostamente se escondendo em um local normalmente destinado a equipamentos de áudio em um avião particular que eventualmente o levou a Beirute, Libano.

Segundo a revista Forbes, Ghosn não é bilionário –seu patrimônio vale ‘somente’ US$ 100 milhões (R$ 450 milhões)–, mas seu desejo pela liberdade faz lembrar casos de bilionários e ex-bilionários que cometeram crimes, fugiram e escaparam da lei.

Marc Rich

Histórico: Nascido na Antuérpia (Bélgica) e criado na Filadélfia e em Nova York, Rich foi da NYU (Universidade de Nova Iorque) direto para a corretora Philipp Brothers em 1954. Ele saiu da companhia 19 anos depois, irritado com um bônus não pago de US$ 1,5 milhão para começar o seu próprio negócio, que, naturalmente, ele batizou como: Marc Rich & Co. Ele apareceu na primeira Forbes 400 em 1982, com um patrimônio líquido estimado em cerca de US$ 200 milhões.

A trama: após a crise dos reféns no Irã, Rich desenvolveu um esquema complexo que envolvia negociações de petróleo com o aiatolá, violando as sanções dos EUA contra Teerã.

Consequências: Rich fugiu de Nova York para a Suíça em 1983, no mesmo ano em que um jovem promotor em Nova York chamado Rudy Giuliani entrou com mais de 60 acusações contra ele, incluindo fraude, invasão de imposto de renda, extorsão e quebra do embargo colocado ao Irã.

Rich não foi muito afetado por tudo isso. De acordo com uma história da “Fortune” que o FBI anexou ao seu dossiê, um ano depois de chegar à Suíça, ele fez uma festa comemorativa em um novo restaurante que possuía, onde autoridades locais jantaram com sopa de rabo de boi e uma banda de metais feminina tocou. Ele morava em St. Moritz, a opulenta estação de esqui, onde “as mulheres estavam… ‘lendo Forbes’, você sabe, procurando um marido”, lembrou a ex-mulher de Rich, Denise.

Ele continuou a administrar seus negócios – hoje a Glencore – nos anos 1990, quase encurralando o mercado soviético de petróleo, cobre e níquel até a cortina de ferro cair. Esses esforços valeram a pena: Rich entrou na lista de bilionários em 1999, com um patrimônio líquido de US$ 1 bilhão.

Laços de família: supunha-se que as conexões da ex-mulher de Rich Denise Beltway como arrecadadora de fundos políticos abrissem o caminho para o presidente Clinton perdoar Rich em 2001, uma decisão que desencadeou em uma investigação no Congresso. (Eventualmente, não se encontrou nenhum delito criminal.) Depois que Clinton limpou seu nome, Rich tentou reabilitar sua imagem, doando mais de US$ 100 milhões para causas judaicas e pesquisas sobre leucemia antes de sua morte em 2013, aos 78 anos.

Thaksin Shinawatra

Histórico: Trabalhando como jovem policial na década de 1980, Thaksin levantou capital de amigos e familiares –seu pai era ex-membro do parlamento tailandês– para comprar computadores IBM e alugá-los de volta ao departamento. (Antes de Thaksin intervir, o acordo quase se desfez quando a IBM exigiu pagamento em dólares, e não em baht tailandês.) “As conexões são importantes”, disse Thaksin uma década depois, no topo da sede de 30 andares da sua Shinawatra Computer & Communications, que até então também negociava celulares e pagers. Sua fortuna atingiu dez dígitos em meados dos anos 1990 e, ansioso por ainda mais sucesso, Thaksin se tornou o primeiro-ministro tailandês em 2001. Ele vendeu sua Shin Corp. para uma empresa de Singapura em 2006, depois de alterar uma lei para tornar isso possível, provocando uma massa de protestos públicos que levaram a um golpe militar.

A trama: Depois de ser deposto e forçado ao exílio, a Suprema Corte da Tailândia condenou Thaksin a dois anos de prisão por corrupção por usar sua influência para garantir um preço abaixo do mercado pela terra comprada por sua esposa, absolvendo-o de outras duas acusações que poderiam gerar uma prisão mais longa. A condenação foi vista por muitos como motivada pela política, e milhões de agricultores e trabalhadores pobres ficaram do lado de Thaksin.

Consequências: Desde que deixou sua terra natal, há 17 anos, a riqueza de Thaksin chegou a US$ 1,9 bilhão, com imóveis que foram comprados a partir da notória venda da Shin Corp. Em 2012, quando ele morava em Dubai, Thaksin prometeu lutar contra as acusações “até a morte”. Ele parece ainda estar lá –há alguns dias, sua filha postou no Instagram uma foto sua e de seu pai no Saltbae Burger, em Dubai.

Laços de família: em 2011, a irmã de Thaksin, Yingluck, tornou-se primeira-ministra. (“Ela não precisa me ligar, mas quando ligar, eu posso lhe dar as respostas imediatamente”, disse Thaksin um ano depois. “Porque estou sentado aqui sem fazer nada.”) Ela terminou com um destino semelhante ao do irmão –forçada a deixar o cargo e envolvida em escândalos, incluindo um por subsídio ao arroz. Ela foi condenada a cinco anos por negligência e agora também vive exilada em Dubai.

Joseph Lau

Histórico: Depois de frequentar a Universidade de Windsor, no Canadá, Lau voltou para casa para se juntar à empresa familiar, uma fabricante de ventiladores de teto. Ele fundou seu próprio negócio do mesmo segmento, a Evergo, abriu capital e mais tarde se expandiu para imóveis e hotéis, tornando-se um grande corporativo no final dos anos 1980.

A trama: Um tribunal de Macau em 2014 o condenou por subornar um funcionário da cidade para permitir que ele assumisse o controle de um pedaço de terra perto do aeroporto. Lau permanece abrigado em sua terra natal, Hong Kong, que não possui um tratado de extradição com Macau.

Consequências: Ele não se preocupou em ficar quieto. Dois anos após seu julgamento, publicou um anúncio de página inteira em vários jornais locais para divulgar seu lado da história após um rompimento com uma namorada. No anúncio, Lau, então com 65 anos, pai de cinco filhos, deixou claro que sua ex era bem cuidada e que ele a cobriu com cerca de US$ 260 milhões em joias e outros presentes.

Curiosidade: Lau comprou dois diamantes enormes para sua filha de 7 anos em 2015, o Blue Moon Diamond de 12 quilates e uma pedra rosa de 16,1 quilates por um total de US$ 77 milhões. Ele renomeou as duas joias respectivamente como “Lua Azul de Josephine” e “Doce Josephine”.

Vijay Mallya

Histórico: O apelidado de “Rei dos Bons Tempos” era conhecido por usar brincos de diamante em reuniões de negócios e possuía iates, carros antigos e uma fazenda. Ele herdou o negócio de bebidas de seu pai, o UB Group, em 1983 e o transformou no segundo maior grupo de bebidas do mundo. Ele também experimentou o mercado de aviões, com a Kingfisher Airlines, de 2005 a 2013.

A trama: Para levantar a Kingfisher, Mallya assumiu uma quantidade enorme de dívidas e um grupo de bancos indianos tenta fazê-lo pagar mais de US$ 1 bilhão desde 2016, quando deixou a Índia para ir a Londres.

Consequências: Ele criticou a cobertura da mídia como uma “campanha quase histérica” e disse que a tentativa do governo de devolvê-lo à Índia era como uma “caça às bruxas”. A Scotland Yard o prendeu em abril de 2017. Enquanto está sob fiança, ele luta contra a extradição para a Índia, atualmente apelando para decisão de um tribunal de Londres. Mallya insistiu que tentou se estabelecer com seus credores. “Falhas nos negócios [na Índia] não devem ser vistas como tabu”, disse ele em um tuíte de agosto de 2019. “Pelo contrário, devemos ter uma saída honrosa”.

Gaiola dourada: A Kingfisher Villa, batizada com o nome da Kingfisher Beer de sua empresa, foi o local de sua festa de 60 anos antes da partida da Índia. Fogos de artifício e artistas como Enrique Iglesias e Sonu Nigam, de Bollywood, divertiram os mais de 200 convidados. A propriedade, que fica na cidade oceânica de Goa, não é mais dele: foi vendida por US$ 11 milhões na época de sua prisão.

Guo Wengui

Histórico: Sua infância é em grande parte envolta em mistério. Não se sabe exatamente quantos anos ele tem, e Guo tem vários nomes, incluindo Miles Kwok. Ele teria começado como funcionário público na província de Shandong na China antes de se tornar um magnata do setor imobiliário, acumulando um império que incluía Pangu Plaza, um complexo de escritórios e hotéis com vista para o Estádio Olímpico de Pequim e participações indiretas na Founder Securities. Ele valia US$ 1,1 bilhão em 2015.

A trama: ele teria subornado um funcionário do governo chinês, que ajudou Guo a acumular participação acionária na corretora Minzu Securities, de acordo com o South China Morning Post. Suas ações na Founder Securities –sua principal fonte de riqueza– foram congeladas em uma disputa judicial em janeiro de 2015, antes de ele fugir, com medo de acusações de corrupção.

Consequências: nos Estados Unidos, Guo, que mantém firmemente sua inocência, assumiu posição ativa nas redes sociais, indo ao Twitter, Facebook e YouTube para postar alegações de corrupção nos níveis mais altos do governo chinês. Entre outras, ele acusou Wang Qishan, o oficial chinês que estaria supostamente liderando movimentos de corrupção, conflitos de interesse e casos extraconjugais.

A Interpol emitiu um aviso vermelho para sua prisão em 2017. Guo, que permaneceu em segurança para passear pelos Estados Unidos, atraiu atenção especial quando se tornou membro do clube Mar-a-Lago do presidente Trump na Flórida. Ele agora está processando a WarnerMedia por difamação por um segmento da CNN que sugeria que ele era, de fato, um espião chinês. Guo também está em um impasse legal estendido com o gerente financeiro Pacific Alliance Group, que insiste que Guo não pagou US$ 88 milhões em dívidas e, mais recentemente, foi processado pelo advogado que o representava contra o Pacific Alliance Group. O advogado, David Boies, diz que o bilionário lhe deve US$ 640 mil em honorários legais não pagos.

Gaiola dourada: Guo pagou US$ 67 milhões por um apartamento que ocupa um andar inteiro do hotel Sherry-Netherland, em Manhattan. Ele processou o hotel depois de alegar que seus trabalhadores entraram em sua residência e danificaram seu terraço e uma parede tentando consertar um cano com vazamento. O caso foi resolvido em abril de 2017.

Nirav Modi

Histórico: O sonho de Modi era tão claro quanto as joias perfeitas que ele vendia –ser “como Laurence Graff e Harry Winston”, disse ele em 2013. Três anos antes foi sua grande estreia: a venda de um colar na Christie’s, por US$ 3 milhões, desenhado por Modi e centrado em torno de um raro diamante Golconda. Ele estudou o comércio de diamantes com seu tio depois de abandonar a Wharton –e aprendeu bem o suficiente para que suas joias se tornassem acessórios de estrelas de Hollywood e Bollywood, incluindo Kate Winslet e Priyanka Chopra-Jones.

A trama: O Punjab National Bank alegou, em janeiro de 2017, que Modi e um parceiro de negócios trabalharam com alguns executivos da agência bancária de Mumbai para realizar transações fraudulentas, permitindo que US$ 1,8 bilhão fosse destinado às empresas de Modi. Desde então, outros relatórios aumentaram esse número para perto dos US$ 3 bilhões.

Consequências: Quando surgiram notícias sobre a suposta fraude de Modi em fevereiro de 2018, ele não foi encontrado em lugar algum. Foi visto pela última vez publicamente em um summit em Davos, algumas semanas antes, onde posou para uma foto com o primeiro-ministro indiano Narenda Modi (sem relação com o caso). Os repórteres vigiaram o quarto de hotel em Manhattan, onde se acreditava que ele estava, mas encontraram apenas um criado e um cachorro branco.

Modi acabou sendo descoberto em Londres e as autoridades o prenderam em março passado. Ele está lutando contra a extradição de volta à Índia, e um advogado de Modi denunciou os procedimentos por não ter encontrado nada “substancial”. Para sua infelicidade, Modi foi negado sob fiança quatro vezes e ele permanece na prisão de Wandsworth, onde teria sido atacado em novembro por dois detentos em uma tentativa de extorsão.

Curiosidade: Antes de sua queda, Modi podia escapar do barulho da movimentada Índia no banco de trás de um Bentley personalizado e gostava de jantar no melhor restaurante de Nova Délhi, o Indian Accent, onde o chef de cozinha o servia pessoalmente. Certa vez, Modi apareceu para uma entrevista para a “Forbes” com abotoaduras reluzentes em forma de elefante, ornamentos, ele disse, que ele havia projetado “apenas por diversão”.

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