A menina de 3 anos que foi deixada pelo pai sem comer durante 40 dias em Rio Claro, no interior de São Paulo, teve alta nesta quinta-feira (22). Ela estava internada desde 2 de junho na Santa Casa da cidade. Na semana passada, a avó materna obteve a guarda provisória na Justiça.
A criança foi encontrada em estado de desnutrição grave por guardas civis e oficiais de Justiça. O pai disse à polícia que havia parado de comer e de dar comida à filha para que os dois morressem.
“Ela está com 12 quilos, correndo pelo corredor do hospital”, disse a pediatra da Santa Casa Samila Gallo ao Metrópoles. Quando chegou à unidade, a menina pesava apenas 8 kg, o normal era um peso três vezes maior do que esse.
A médica afirma que, apesar da melhora, a menina ainda se recusa a tomar água.
“Ela começou a tomar suco e leite. Mas não há nada que faça ela tomar água”, contou. A equipe do hospital suspeita que a menina tenha criado aversão ao líquido porque essa era a única coisa que ingeria quando estava com o pai.
Segundo médicos que a acompanharam, a criança ainda tem dificuldades na fala.
Pai solto
O pai da menina, preso em flagrante em 2 de junho, foi solto no dia seguinte após a audiência de custódia. A Promotoria de Justiça da cidade apresentou recurso contra a decisão que concedeu a liberdade provisória. O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu que ele fosse preso preventivamente.
Para o promotor Cássio Sartori, trata-se de uma tentativa de homicídio: “O preso tinha o dever de alimentar a filha e, consequentemente, evitar o resultado, que seria a morte”.
De acordo com o processo, o homem relatou aos guardas que sua intenção era que tanto ele quanto a filha morressem de fome. Ele também estava em estado de desnutrição e muito magro. A mãe da menina morreu 45 dias após o parto e desde então, ele estaria em depressão profunda mesmo após 3 anos.
Avó materna
O caso começou a ser investigado depois que a avó materna da criança teve dificuldades para entrar em contato com o pai para visitar a menina. A Justiça expediu mandado para a visita.
Guardas municipais, um representante do Conselho Tutelar e oficiais de justiça foram ao local e encontraram a criança debilitada, em um ambiente sujo e sem alimentos.