Outro dia, conforme a Folha de S. Paulo, o audaz Steve Bannon, um dos criadores de Donald Trump, mestre na arte de orquestração de redes sociais, disse que a eleição brasileira de 2022 será “a mais importante de todos os tempos na América do Sul”. Nela, “Jair Bolsonaro enfrentará Lula, o esquerdista mais perigoso do mundo. Um criminoso e comunista”.
Bannon disse que Bolsonaro vai ganhar, a não ser que seja roubada pelas, adivinhem só: as máquinas.
Semanas depois veio a Pindorama Jason Miller, ex-porta-voz de Trump, com o propósito de alavancar a sua rede Gettr. O doutor passou pelo Brasil, foi ouvido pela Polícia Federal e voltou para casa. Estima-se que 15%, 25% ou 50% dos usuários dessa rede sejam brasileiros. Portanto, ninguém sabe quantos brasileiros usam a Gettr. Com certeza, lá estão Jair, Flávio e Eduardo Bolsonaro.
Quem não está nessa é o governo de Joe Biden.
Recordar é viver. No dia 30 de julho de 1962, quando o presidente americano John Kennedy instalou o sistema de grampo no Salão Oval da Casa Branca, ele se reuniu com Lincoln Gordon, seu embaixador no Brasil. A certa altura, Gordon mencionou a importância da eleição brasileira daquele ano e propôs que se jogasse algum dinheiro na campanha. A cifra foi mencionada, mas ainda está embargada. Um biógrafo de Gordon diz que foram US$ 5 milhões (cerca de US$ 45 milhões em dinheiro de hoje).
O ervanário foi canalizado para diversas instituições. A mais famosa chamava-se Instituto Brasileiro de Ação Democrática. Seu cabeça era o publicitário Ivan Hasslocher, dono de uma pequena agência. Ele irrigou o que hoje se chama de “mídia tradicional”.
A operação deu em CPI, mas Hasslocher saiu da cena. Morou na Suíça, andou pela Indonésia e, em 1992, aos 72 anos, vivia em Londres. No inverno, mudava-se para sua casa no Texas, onde morreu em 2000.
Tudo indica que os processos capazes de tornar Bolsonaro inelegível ou mesmo resultar na cassação da sua chapa com o general Hamilton Mourão terão pouco futuro.
A solução traumática, se vier, virá pelo impedimento cuja tramitação se dá no Congresso.
Ficam sobre as mesas os processos que envolvem filhos do capitão.