Um projeto-piloto de criação de galinhas caipiras tem apresentado viabilidade econômico-financeira e apontado potencial para diversificação de atividades produtivas no projeto público de irrigação Ceraíma, localizado em Guanambi, no Médio São Francisco baiano. O projeto de irrigação está localizado na área de atuação da 2ª Superintendência Regional da Codevasf, sediada em Bom Jesus da Lapa.
O projeto de criação das aves de postura (galinhas destinadas à produção de ovos) foi implantado no lote 61 do projeto de irrigação por Alex Ledo e Maria Mercês, professores do Instituto Federal Baiano (IF Baiano) no campus de Guanambi. O primeiro galpão foi construído em 2019 para abrigar cerca de 1,5 mil galinhas da linhagem GLC de postura, que produzem de 1,1 a 1,2 mil ovos especiais por dia, nas cores azul, creme e vermelho.
“A alimentação é produzida com milho, farelo de soja e núcleo formulado com minerais, sendo calculada, preparada e fornecida de acordo com a necessidade das aves, sem que haja desperdícios. Outra preocupação é com a água fornecida aos animais, que deve ser de qualidade e livre de contaminantes”, afirma a professora Maria Mercês, doutora em Zootecnia. Ela diz que a atividade apresenta sustentabilidade e viabilidade econômico-financeira.
“No empreendimento há toda uma preocupação para que os ovos cheguem aos consumidores logo após a postura, com qualidade, classificados por tamanho e sem defeitos”, acrescenta Alex Ledo, doutor em Produção Vegetal.
Galinha feliz
As galinhas começam a postura aos seis meses de vida. O sistema foi batizado pelo casal como “sistema da galinha feliz”, em que o mais importante no processo é o conforto e o bem-estar dos animais. “Utilizamos o máximo que podemos de produtos homeopáticos no controle das principais enfermidades das aves e, à noite, as galinhas ouvem músicas adequadas para manterem-se calmas e produtivas”, diz o professor.
Em cada módulo, além do galpão, o sistema tem duas áreas de pastagem para as galinhas, que são irrigadas e possuem gramíneas como urochloa, grama tifton, milheto e vegetação nativa. No telhado do galpão foram instalados microaspersores, que são acionados em épocas de calor intenso para promover o conforto térmico das aves. O espaço funciona ainda como granja-escola, pois recebe semanalmente estudantes e estagiários que aprendem a organização e a logística do sistema de produção.
Diante do sucesso do primeiro galpão, o segundo foi construído recentemente e, ainda em 2021, o número total de galinhas deverá chegar a 3 mil. A expectativa é de que sejam produzidas diariamente de 180 a 210 dúzias de ovos.
“É muito gratificante ver que o perímetro de Ceraíma tem buscado diversificar sua produção agropecuária e atender às demandas regionais com produtos de qualidade diferenciada, o que aumenta seu poder de competitividade. Como o projeto piloto de criação de galinhas caipiras tem demonstrado viabilidade econômica com sustentabilidade, novos produtores de Ceraíma poderão tê-lo como referência para que, em um futuro próximo, o perímetro se torne um polo regional de produção de ovos de galinhas caipiras”, diz Harley Xavier, superintendente da Codevasf.
Na avaliação do chefe da Unidade de Desenvolvimento Territorial da 2ª Superintendência Regional da Codevasf, Manoel de Souza Neto, a criação de galinhas caipiras no projeto Ceraíma, além de não concorrer com outras atividades pode fornecer o insumo cama de aves (ou cama de frango), que é um excelente adubo orgânico para plantações.
Modernização do projeto Ceraíma
O projeto de irrigação Ceraíma atravessa um novo momento desde 2019, quando a Codevasf concluiu ações de reestruturação e modernização. A diversificação da produção também é apontada como ponto positivo por técnicos da Companhia. “Ceraíma não para de inovar. Recentemente, substituiu os canais abertos por tubulações fechadas na malha de distribuição de água para os lotes rurais. Além de banana e manga, temos hoje no perímetro uma produção diversificada com culturas como uvas, melancia, abóbora, feijão, milho, goiaba, hortaliças, dentre outras”, diz Hudson Faria, chefe do escritório da Codevasf em Guanambi, vinculado à 2ª Superintendência Regional.
As obras, que à época representaram investimento de R$ 15,9 milhões, permitiram a retomada da irrigação. A alteração no sistema fez com que o projeto passasse a ter alta eficiência no uso de recursos hídricos. Hoje o projeto também possui sistema de condução de água por meio de tubulações fechadas, ao contrário das estruturas abertas existentes anteriormente, o que também elevou a eficiência, chegando a estimados 95%.