Fotos de satélite publicadas por site especializado mostrariam alta do tráfego ferroviário entre os dois países. Analistas suspeitam de intercâmbio de armas e munições. Imagens captadas por satélite mostram um aumento “sem precedentes” do tráfego ferroviário de mercadorias na fronteira entre a Rússia e a Coreia do Norte, após a cúpula realizada entre os líderes dos dois países em que teria sido discutida uma cooperação militar bilateral.
Um estudo publicado pelo site especializado Beyond Parallel revela a presença de 73 vagões de carga na estação de Tumangang, em Rason, cidade norte-coreana que faz fronteira com a Rússia.
Trata-se de um volume muito superior ao observado nesta estação nos últimos cinco anos, mesmo tendo em conta os níveis pré-pandemia, uma vez que a crise sanitária global levou o regime de Pyongyang a blindar as suas fronteiras, segundo o estudo do site especializado, que é vinculado ao Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) em Washington.
As fotografias de satélite surgiram após a cúpula realizada em setembro em território da Rússia entre o presidente daquele país, Vladimir Putin, e o ditador norte-coreano, Kim Jong-un, na qual eles teriam abordado questões de cooperação militar, embora os detalhes de suas conversas e acordos não tenham sido divulgados.
“Considerando que Kim e Putin discutiram certos intercâmbios e cooperação militares na sua recente cúpula, o aumento dramático no tráfego ferroviário possivelmente indica o fornecimento de armas e munições à Rússia”, conclui o estudo.
Possível troca de armas
“No entanto, o uso extensivo de coberturas sobre os vagões e contentores torna impossível identificar de forma conclusiva o que foi observado na estação de Tumangang”, acrescenta o relatório, assinado por Joseph Bermudez, Victor Cha e Jennifer Jun.
Seul e Washington criticaram qualquer possível troca de armas entre a Rússia e a Coreia do Norte e alertaram que, se ocorresse, levaria à violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas, que na época foram apoiadas por Moscou.
A viagem de Kim à Rússia durou sete dias e foi a mais longa do líder norte-coreano até agora desde que chegou ao poder, há mais de uma década.
Embora os detalhes das reuniões não tenham sido divulgados, Putin garantiu após o encontro que há espaço para cooperação militar e espacial entre os dois países.
A mídia americana coletou informações de fontes de inteligência daquele país, segundo as quais Kim estaria disposto a apoiar a guerra de Moscou na Ucrânia com “milhões” de mísseis antitanque e munições de artilharia, enquanto Pyongyang receberia em troca, além de ajuda alimentar, tecnologia de satélites ou de submarinos de propulsão nuclear.
A rede americana CBS apontou até que a Coreia do Norte já começou a fornecer artilharia à Rússia para as suas operações militares na Ucrânia.