A credibilidade da União Europeia está em jogo, alertaram os ministros das Relações Exteriores do bloco nesta segunda-feira, após alegações de que o Catar distribuiu dinheiro e presentes a autoridades do Parlamento Europeu para influenciar a tomada de decisões.
A Grécia congelou nesta segunda-feira os bens de uma das principais suspeitas do caso, Eva Kaili, vice-presidente do Parlamento Europeu e uma das quatro pessoas presas e acusadas na Bélgica no fim de semana, disse uma fonte com conhecimento do assunto.
O gabinete de Kaili não respondeu a um pedido de comentário. O Catar negou qualquer irregularidade.
Promotores belgas revistaram 16 casas e apreenderam 600.000 euros em Bruxelas na sexta-feira como parte da investigação.
Quatro pessoas foram posteriormente acusadas de “participação em uma organização criminosa, lavagem de dinheiro e corrupção”, disseram os promotores em um comunicado no domingo.
Eles não nomearam os suspeitos, mas o Parlamento Europeu disse no fim de semana que suspendeu Kaili de suas funções, enquanto o partido grego PASOK anunciou a expulsão dela.
“Este é um incidente inacreditável que deve ser completamente esclarecido com toda a força da lei”, disse a ministra das Relações Exteriores da Alemanha, Annalena Baerbock, ao chegar para uma reunião regular com seus colegas da União Europeia em Bruxelas.
“Trata-se da credibilidade da Europa.”
Promotores belgas disseram que suspeitavam há meses que um Estado do Golfo estava tentando comprar influência em Bruxelas.
Uma fonte com conhecimento do caso afirmou que o Estado era o Catar. Uma autoridade do Catar negou no fim de semana as acusações de possível má conduta.
“Qualquer associação do governo do Catar com as alegações relatadas é infundada e gravemente mal informada”, disse a autoridade.
Alguns diplomatas europeus disseram à Reuters no mês passado que a pressão para manter bons laços com o Catar estava aumentando à medida que o continente caminhava para um inverno de escassez de energia por causa da invasão russa da Ucrânia.