A CPI dos atos de 8 de janeiro, sobre invasão do Congresso Nacional, aprovou nesta quinta-feira (3) as convocações do hacker Walter Delgatti e também de Luís Marcos dos Reis, sargento do Exército, ex-integrante da equipe de Mauro Cid, que foi ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A CPI também aprovou outras três convocações:
- Cíntia Queiroz de Castro, coronel da Polícia Militar do DF
- Marcela da Silva Moraes Pinto, cabo da PM
- Adriano Machado, fotojornalista da Agência Reuters
A reunião desta quinta-feira da CPI estava marcada para começar às 9h. Entretanto, sem acordo, a votação das convocações só ocorreu às 12h39.
Parlamentares da base governista não concordavam com a convocação de Adriano Machado, fotógrafo que, a trabalho, esteve no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro e registrou imagens de vandalismo.
Para os governistas, a convocação não poderia ocorrer, uma vez que o profissional estava trabalhando na cobertura dos atos e o sigilo da atividade jornalística está previsto na Constituição.
Walter Delgatti
Preso nesta quarta-feira (2) pela Polícia Federal por suspeita de fraude em sistemas de órgãos públicos, Delgatti ficou conhecido no episódio da “Vaza Jato”, em que foram vazadas mensagens trocadas entre o então juiz Sérgio Moro, atualmente senador, e o então procurador Deltan Dallagnol, ex-deputado.
A colunista do g1 Camila Bomfim mostrou que, em depoimento à Polícia Federal, Delgatti disse que esteve no Palácio da Alvorada e que, na ocasião, o então presidente Jair Bolsonaro teria questionado a ele se Delgatti conseguiria invadir urnas eletrônicas.
Ainda conforme o blog da Camila Bomfim, o encontro entre Delgatti e Bolsonaro foi articulado pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), que foi alvo de mandado de busca e apreensões nos seus endereços.
Enquanto presidente da República, Bolsonaro fez reiteradas críticas às urnas e tentou colocar em xeque o sistema eleitoral sem jamais ter apresentado provas de eventuais irregularidades.
Um desses episódios, um encontro com embaixadores no Palácio da Alvorada convocado para justamente atacar o sistema eleitoral, levou o Tribunal Superior Eleitoral a declarar Bolsonaro inelegível.