Senadores que integram a CPI da Covid avaliam segundo o G1, que há um movimento do governo para tentar blindar o presidente Jair Bolsonaro e repassar para a gestão do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello a responsabilidade pelo atraso na aquisição de vacinas para conter a pandemia no Brasil.
A percepção inicial, antes mesmo da instalação da CPI, é que a entrevista do ex-secretário de Comunicação da Presidência Fabio Wajngarten reforça essa estratégia. Ele afirmou em entrevista publicada nesta quinta-feira (22) no site da revista “Veja” que o atraso do governo na aquisição de vacinas foi motivado por “incompetência” e “ineficiência” do Ministério da Saúde.
“Bolsonaro tentou impedir a CPI e depois desconstruir a imagem de integrantes da comissão. Sem sucesso, agora tenta repassar a responsabilidade de suas ações na pandemia”, disse ao blog um senador que integra o chamado G6, grupo majoritário na CPI formado por parlamentares independentes e de oposição.
“O próprio Pazuello foi quem falou que Bolsonaro mandava e ele obedecia”, reforçou esse senador.
Apesar do movimento para blindar Bolsonaro, senadores da CPI avaliam que a fala de Wajngarten complica o governo como um todo, pois confirma o que os documentos já tinham revelado: as vacinas foram oferecidas, mas foram recusadas pelo governo.
Wajngarten, que deixou a Secretaria de Comunicação no mês passado, não responsabilizou diretamente o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mas a “equipe que gerenciava o Ministério da Saúde nesse período”.
O ex-secretário se referia na entrevista ao episódio de agosto do ano passado, quando a farmacêutica Pfizer ofereceu ao governo 70 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19, com entrega prevista para dezembro. Mas o governo não quis.
“Incompetência e ineficiência. Quando você tem um laboratório americano com cinco escritórios de advocacia apoiando uma negociação que envolve cifras milionárias e do outro lado um time pequeno, tímido, sem experiência, é isso que acontece”, declarou, segundo a revista.
Wajngarten disse ter tomado conhecimento de que a Pfizer havia enviado ao governo uma carta com a oferta de vacina, mas que o Ministério da Saúde sequer respondeu.