A cúpula CPI da Covid traçou uma estratégia segundo a coluna de Bela Megale, no O Globo, para pressionar o procurador-geral da República, Augusto Aras, a investigar as denúncias que estarão presentes no relatório final da comissão. Os senadores vão entregar o documento a diferentes Ministérios Públicos Federais e Estaduais para que os órgãos apurem fatos envolvendo pessoas sem foro privilegiado que também serão indiciadas pela CPI.
A avaliação de senadores é que haverá uma pressão “de baixo para cima” entre membros do MP. Ou seja, com as investigações correndo em diferentes segmentos do órgão, Aras será pressionado tanto por seus pares quanto pela opinião pública a se mobilizar. Somente a PGR pode investigar pessoas com foro, como o presidente Bolsonaro e o líder do governo na Câmara Ricardo Barros (PP-PR), que serão alvos do relatório.
Os crimes atribuídos ao ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e ao seu ex-braço-direito na pasta, Élcio Franco, que não têm foro privilegiado, constarão na documentação que será entregue ao MPF do Distrito Federal. O órgão da capital federal também concentrará as denúncias envolvendo a Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a venda da vacina Covaxin ao governo.
O material relativo aos experimentos da Prevent Senior em pacientes e à obrigação de seus médicos receitarem o kit Covid será destinado à Força-Tarefa do Ministério Público do Estado de São Paulo. A Assembleia Legislativa de São Paulo e a Câmara Municipal da capital paulista também receberão a documentação. Os Ministério Público Federal e Estadual de outras localidades, como Amazonas, irão receber outra parte das denúncias.
Os atos de entrega do relatório final também serão usados para manter a CPI em evidência e com a opinião pública a seu favor, mesmo após o encerramento dos trabalhos. O vice-presidente da comissão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), é responsável por elaborar uma agenda entre membros da comissão e segmentos do MP e da sociedade civil para manter as denúncias da CPI em pauta.