sábado 23 de novembro de 2024
Depurado federal Ricardo Salles (PL-SP) - Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
Home / NOTÍCIAS / CPI do MST: pressionado por derrotas, governo monta estratégia que alia diálogo com Ricardo Salles e enfrentamento
quinta-feira 25 de maio de 2023 às 06:47h

CPI do MST: pressionado por derrotas, governo monta estratégia que alia diálogo com Ricardo Salles e enfrentamento

NOTÍCIAS, POLÍTICA


Pressionado pelas primeiras derrotas sofridas na CPI do MST, colegiado dominado pela oposição, o governo montou uma estratégia que divide os seus representantes na comissão em diferentes núcleos de atuação: enfrentamento direto com a direita, elaboração de requerimentos e construção de um canal de diálogo com o relator, o deputado Ricardo Salles, integrante da bancada ruralista e ex-ministro de Jair Bolsonaro.

Segundo  Gabriel Sabóia, do O Globo, a necessidade de um plano ficou evidente ontem, quando foram aprovados convites para que dois ministros de Lula, Carlos Fávaro (Agricultura) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), prestem esclarecimentos à CPI. A oposição também derrotou pedidos apresentados por governistas, que pretendiam colher informações sobre recursos públicos destinados ao agronegócio e sobre anistias a infrações e multas ambientais. A ausência de estratégia já provocou contratempos ao Planalto em outra comissão: integrantes da base já desistiram de participar da CPI dos Ataques Golpistas em função da falta de coordenação.

No colegiado dedicado ao MST, as deputadas Talíria Petrone (RJ) e Sâmia Bomfim, ambas do PSOL, têm assumido uma postura mais combativa — já houve discussões com opositores —, enquanto caberá aos petistas o foco na coleta de dados e na relação com Salles. O deputado Nilto Natto (PT-SP) ficou com essa missão específica e já teve encontros com o relator nos últimos dias, para tentar reduzir os impactos de os governistas serem minoria no colegiado. Na sessão de ontem, os requerimentos feitos por petistas foram derrubados facilmente pelos bolsonaristas.

A atuação casada entre os dois partidos, no entanto, esconde rusgas acumuladas ao longo dos últimos meses. Representantes de PT e PSOL se reuniram pela primeira vez com lideranças do MST e do governo apenas na noite da última terça-feira.

Os votos contrários do PSOL em relação ao texto do arcabouço fiscal, os acenos petistas a uma candidatura independente para a prefeitura de São Paulo, e possíveis reordenações ministeriais, dificultaram os diálogos entre os dois partidos. As conversas só foram retomadas com a comissão em andamento. Em paralelo à crise, petistas que participam da CPI do MST também fazem críticas nos bastidores à atuação do governo Lula e reclamam da ausência de diálogos de membros do primeiro escalão com lideranças dos partidos da oposição e membros da Frente Parlamentar da Agropecuária.

Sobre a “dobradinha” com os petistas, Sâmia Bomfim diz que pretende seguir com os embates.

— Eu e a Talíria temos um perfil contestador. Mas, contamos com a atuação de petistas, como o Valmir Assunção, que já discordou dos bolsonaristas. O Nilto Tatto e o Paulão, os dois do PT, têm dialogado com o Salles e opositores. Na primeira reunião com petistas, já conversamos sobre os próximos requerimentos e buscamos retomar diálogos, em nome da causa do MST, que é maior.

Talíria diz que tão importante quanto ter uma atuação técnica é a performance nas contraposições.

— Nesse mundo de narrativas, o trabalho de não deixar que o discurso ruralista ecoe sem contraposição é fundamental — diz.

Ficou alinhado que o ministro do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Paulo Teixeira, será chamado para prestar esclarecimentos sobre denúncias de invasões de terras privadas produtivas pelo MST. Convite similar será feito ao ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro. Os pedidos partiram de bolsonaristas.

Novos embates

Mais uma vez, a sessão terminou em discussão: Talíria pediu um minuto de silêncio pela morte de dez trabalhadores rurais naquele que ficou conhecido como o Massacre de Pau D’Arco, ocorrido em 2017. Apesar da permissão, o deputado Éder Mauro (PL-BA) se recusou a ficar calado em respeito à memória daqueles que definiu como “bandidos do campo”.

O parlamentar se levantou da cadeira e afirmou que não faria silêncio pelos mortos. O fato gerou um embate entre os dois.

A deputada Sâmia Bomfim passou a ler os nomes das vítimas para que os governistas dissessem “presente”, em alusão às suas memórias. Mauro, a partir deste momento, passou a gritar “bandidos”, em resposta aos nomes.

A escalação governista

  • Sâmia Bomfim: A parlamentar do PSOL, junto à sua colega de partido Talíria Petrone, foi escalada para os embates mais duros com a oposição, maioria na CPI e que tenta criminalizar o movimento dos trabalhadores rurais.
  • Nilto Tatto: O deputado petista atua na ala mais técnica do time governista, sobretudo na articulação com o relator da comissão, Ricardo Salles (PL-SP), com quem já se encontrou algumas vezes nos últimos dias.
  • Gleisi Hoffmann: A presidente do PT, que tem repetido que a CPI “sequer tem objeto claro” para ter sido convocada e também é conhecida por sua postura combativa, costuma agir nos bastidores, na elaboração de requerimentos.
  • Camila Jara: Do Mato Grosso do Sul, a deputada também integra o time dos petistas, sob a orientação de Nilto Tatto, que ficam longe dos embates diretos com os oposicionistas. Na sessão de abertura, distribuiu produtos do MST.

Veja também

Ministro da Agricultura apoia produtores de carne contra o Carrefour

O ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Fávaro, declarou apoio ao movimento de associações …

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

error: Content is protected !!