O governo de Nicolás Maduro e o líder opositor Juan Guaidó chegaram a um acordo para obter recursos destinados a enfrentar a propagação do novo coronavírus na Venezuela com a assistência da Organização Pan-americana da Saúde (OPAS), confirmaram as partes nesta última terça-feira (2).
“Ambas as partes propõem trabalhar coordenadamente, em coordenação e com o apoio da OPAS, na busca por recursos financeiros que contribuam para o fortalecimento das capacidades de resposta do país” ao novo coronavírus, diz um documento lido na TV estatal pelo ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez.
Mais cedo, a equipe de comunicação do líder parlamentar, reconhecido como presidente encarregado da Venezuela por meia centena de países, anunciou em um comunicado a assinatura de um “plano de cooperação técnica para atender a crise humanitária do coronavírus”.
O acordo, assinado na segunda-feira em Caracas, estabelece linhas “prioritárias” na atenção à pandemia, entre elas a detecção de casos ativos de COVID-19, a vigilância epidemiológica e o tratamento adequado dos contagiados.
As partes não confirmaram até agora qual é o montante estimado para o plano, nem se informou em que condições os recursos seriam aplicados.
“Conseguimos que” a OPAS receba “fundos aprovados para ajuda humanitária”, informou, no entanto, um comunicado da equipe de Guaidó, assegurando que o pacto permite entregar o dinheiro para a emergência “nas mãos de organismos internacionais” e não ao governo de Maduro.
Trata-se de uma “doação aprovada” pela Assembleia Nacional (unicameral), único poder nas mãos da oposição, destacou Guaidó no Twitter após o pronunciamento de Rodríguez.
O convênio foi assinado pelo ministro da Saúde de Maduro, Carlos Alvarado; por um delegado médico do Parlamento, Julio Castro; e um representante da OPAS.
Consultada pela AFP, a OPAS confirmou o acordo, sem dar maiores detalhes.
“A OPAS está tomando medidas para apoiar sua implementação”, disse uma porta-voz do organismo regional com sede em Washington.
Na Venezuela há 1.819 contagiados e 18 falecidos por COVID-19, segundo cifras oficiais, um balanço contestado por organizações como a Human Rights Watch.
A pandemia encontrou um país petroleiro mergulhado em uma crise econômica, com hiperinflação e serviços públicos colapsados, uma situação que provocou o êxodo de cinco milhões de venezuelanos desde o fim de 2015, segundo as Nações Unidas.