O atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, cotado para ser o novo ministro de Jair Bolsonaro, doou R$ 120 mil para a campanha de João Doria para a prefeitura de São Paulo em 2016. O nome dele aparece no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) como a sétima maior quantia entre os doadores da campanha, que recebeu R$ 12 milhões.
Na época, Feder era proprietário da Multilaser, uma empresa da área de tecnologia. O nome dele não consta entre os doadores da campanha para governador de Doria.
Feder se reuniu com Bolsonaro hoje pela manhã, mas ainda não foi confirmada a indicação para substituir Abraham Weintraub, que deixou o Ministério da Educação (MEC) na semana passada.
Economista paulistano, há poucos anos decidiu se dedicar à educação. Em 2017, ele abordou em um evento o então secretário de Educação de São Paulo, José Roberto Nalini, na gestão de Geraldo Alckmin. Segundo fontes, Feder disse a ele que queria muito trabalhar na secretaria. Explicou que tinha ganho muito dinheiro e queria agora trabalhar pelo ensino público.
Nalini deu então um cargo assistente a ele, com salário de R$ 8 mil, na secretaria, onde ficou alguns meses. A intenção era a de que Feder aproximasse a rede estadual de empresários e ONGs que pudessem ajudar em projetos. Mas o trabalho não foi bem sucedido e Feder acabou deixando a secretaria.
Segundo apurou o Estadão, Feder tinha o sonho de se tornar secretário da educação. Seus contatos com empresários e terceiro setor fizeram com que ele fosse indicado a Ratinho Junior (PSD) para o cargo no Paraná, no ano passado. Durante a pandemia, o Estado é um dos que tem se destacado por ter criado rapidamente sistema de educação a distância bem estruturado com aulas online.
Feder é elogiado pela sua simpatia, inteligência e bom trato. Mas fontes o descrevem como muito ambicioso e que recentemente passou a buscar um cargo público importante na educação. Sua visão mais liberal é criticada por alguns e elogiada por outros no meio educacional.
Em 2007 escreveu um livro em que defendeu a extinção do MEC e a privatização da rede de ensino no Brasil. Ao Estadão, ele disse que não acredita mais nessa visão. “Eu não entendia nada de educação e hoje conheço melhor”.
Fontes dizem, no entanto, que ele pode ter problemas no MEC com os membros ligados a Olavo de Carvalho. Há também muita resistência à colaboração de entidades da sociedade civil no governo, como fundações e institutos, com os quais Feder tem boa relação. A atual secretária da Educação Básica, Ilona Becskehazy fez postagens recentes em redes sociais afirmando que “ONGs são empresas”, com interesses privados e não vão entrar no MEC.