Documentos publicados nesta última sexta-feira (17) pelo jornal Correio da Bahia, mostram que a roubalheira aos cofres públicos em Ilhéus, investigada pelas operações Citrus e Xavier, chegava até os frangos comprados pela prefeitura da cidade para distribuir à população carente durante o Natal. É o que provam notas fiscais, relatórios de fiscalização, diálogos interceptados e trocas de mensagem armazenadas em celulares apreendidos durante as buscas e apreensões realizadas em endereços de investigados pelo Ministério Público estadual, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas e Investigações Criminais (Gaeco) e da 8ª Promotoria de Justiça de Ilhéus.
De acordo com o relatório do Gaeco, as fraudes na compra de frango causaram danos estimados em mais de R$ 700 mil de 2011 a 2015, através do superfaturamento, sobrepreço e pagamentos por produtos fornecidos abaixo da quantidade especificada em contrato. Em um dos casos, o desvio foi de dois mil quilos de frango – das 20 toneladas pagas, só foram entregues 18.
O jornal diz que as conversas interceptadas por autorização judicial revelam que um dos principais alvos da Operação Xavier, deflagrada anteontem, chamava de “sarapatel” a propina paga por empresas que participavam dos desvios de verbas na prefeitura e na Câmara de Ilhéus.
No dia 17 de agosto de 2018, o ex-vereador Valmir Feitas, o Valmir de Inema, atual secretário de Agricultura e Pesca da cidade, conversa com outro investigado sobre o repasse de propina, de acordo com investigadores do Gaeco. “Como hoje? De bode ou porco?”, indaga. “Ave-Maria! De carneiro”, responde o interlocutor. “Ah, então é o melhor”, emenda Valmir, preso pela operação. Dois ex-presidentes da Câmara, Lukas Paiva e Tarcísio Paixão, tiveram prisão decretada, mas são considerados foragidos.