Não bastassem as dificuldades para negociar um acordo com os demais partidos de oposição, o PT – que elegeu a maior bancada da Câmara e teve 47 milhões de votos no segundo turno da eleição presidencial – ainda precisa resolver suas próprias diferenças internas.
A disputa pela presidência do partido já começou. A atual presidente, Gleisi Hoffmann, deve tentar a reeleição. A deputada federal conta com o apoio do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e de grupos organizados como o Movimento dos Sem Terra (MST), mas enfrenta resistências dentro de sua própria corrente, a Construindo um Novo Brasil (CNB).
Um grupo de governadores ligados à corrente defende um nome do Nordeste para presidir o PT. Os nomes colocados na mesa são os do senador Humberto Costa (PE) e do deputado José Guimarães (CE). No ano passado, a ala da CNB contrária à Gleisi tentou emplacar o candidato derrotado à Presidência, Fernando Haddad, como sucessor da deputada, mas Lula vetou a articulação.
As diversas alas do PT não conseguem chegar a um acordo nem mesmo sobre o calendário para escolha das novas direções. A única certeza é que um plebiscito interno será realizado para decidir se o partido mantém o modelo de eleições diretas ou se volta a adotar o sistema de escolha de delegados.
Além disso, o PT tenta apaziguar a relação entre Gleisi e Haddad, hoje a maior figura do partido depois de Lula. A relação, que nunca foi boa, azedou de vez depois da tentativa frustrada de emplacar Haddad como presidente do PT. Na última reunião da executiva nacional do partido, no dia 9 de fevereiro, os dois bateram boca por causa da viagem de Gleisi a Caracas para a posse de Nicolás Maduro.
No dia seguinte, Gleisi anunciou que Haddad seria o coordenador dos Núcleos de Acompanhamento de Políticas Públicas do PT, mas o ex-prefeito recusou a tarefa.