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segunda-feira 31 de dezembro de 2018 às 14:16h

Coronel afirma que pode ser candidato ao governo em 2022

DESTAQUE, POLÍTICA


Eleito senador pela chapa do petista Rui Costa, Angelo Coronel (PSD) se mostrou bastante convicto ao falar de uma candidatura do PSD ao governo da Bahia em 2022. “Tenho uma missão de tentar fazer Otto Alencar governador da Bahia”, traçou. Caso Otto não aceite, Coronel não descartou lançar o próprio nome ao pleito.

O presidente da Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA) fez um balanço da gestão e lembrou que quase saiu da vida pública. “Há dois anos eu estava disposto até a sair da vida pública. Tinha dito isso na imprensa, inclusive. Depois que me tornei presidente da Assembleia, isso reacendeu minha vontade de continuar na política”, comentou.

O senador ainda chamou de “prematuro”, o acordo feito por Rui Costa (PT) que costurou uma candidatura única de Adolfo Menezes para a presidência da AL-BA em 2022. “Sei que daqui a dois anos vamos ter Adolfo Menezes como candidato, mas que outros deputados começam a ensaiar uma candidatura. Acho prematuro lançar um presidente com dois anos de antecedência, mas foi lançado e vamos torcer para que Adolfo Menezes consiga costurar para manter o seu nome até chegar a vez de suceder Nelson Leal”, falou. 

Você ficou incomodado de Nelson Leal ter costurado a eleição dele para a presidência enquanto você viajava?

Em hipótese nenhuma. Leal foi coordenador de campanha na minha candidatura a presidente. Ele também foi meu relator de orçamento quando entrei. Leal sempre foi a pessoa que conviveu comigo. Fiquei muito feliz pela competência e pelo preparo dela nessa costura. Leal será um bom presidente.

O senhor sabia que Leal tinha pretensão de ser candidato?

Sabia. Como eu sei quem tem a pretensão nos próximos dois anos. Naquela Casa a gente sabe a pretenção de todo mundo com a presidência. Sei que daqui a dois anos vamos ter Adolfo Menezes como candidato, mas que outros deputados começam a ensaiar uma candidatura. Acho prematuro lançar um presidente com dois anos de antecedência, mas foi lançado e vamos torcer para que Adolfo Menezes consiga costurar para manter o seu nome até chegar a vez de suceder Nelson Leal.

Você passou de um deputado estadual reconhecidamente ausente para presidente da AL-BA e agora chegará ao Senado já pleiteando a presidência…

A ausência não é o que torna um deputado eficaz ou não. Você pode estar ausente fisicamente, mas estar presente mentalmente e espiritualmente. Muitas vezes, se faz mais sucesso assim do que se estivesse lá apenas fisicamente no dia-a-dia.

Mas por que a candidatura à presidência do Senado? 

Tenho vários amigos que se elegeram senadores e tenho outros amigos na velha guarda. Conversando, eles me disseram que precisavam de alguém com coragem para ser o próximo presidente. Coragem é uma coisa que sempre tive na vida. Não sou candidato de mim mesmo. A candidatura não é fruto da minha vontade. Eu conto com o apoio de senadores de outros estados e com apoio dos baianos Jaques Wagner e Otto Alencar. Conto com a bancada de Sergipe e a de outros estados que prefiro omitir. Afinal, a Câmara Alta tem seis candidatos que podem ir atrás dos meus eleitores. Manterei essa candidatura. Se lá na frente as pessoas que estão comigo acharem que devemos apoiar outro nome, recuaremos sem nenhum problema. Entretanto, só apoiaremos quem se comprometa a manter a independência do Senado e não transformar o parlamento em um puxadinho do Palácio do Planalto.

Na sua candidatura à presidência da AL-BA, o senhor disse logo no início que queria um outro nome, como o de Adolfo Menezes na mesa diretora. Agora, você diz que sugere o nome de Otto Alencar para o governo em 2022. O senador disse que não vai participar do pleito. No lugar, você colocaria seu nome para disputar o governo?

Há dois anos eu estava disposto até a sair da vida pública. Tinha dito isso na imprensa, inclusive. Depois que me tornei presidente da Assembleia, isso reacendeu minha vontade de continuar na política. Na AL-BA tive a oportunidade de fazer o que sempre gostei na política, que é buscar o bem estar das pessoas. Sou um homem de grupo, o meu candidato para o governo da Bahia em 2022 é Otto Alencar. Não sou daquele político que fica escondendo as suas vontades e nem tampouco fica ocultando e fazendo conspirações contrárias. O meu candidato, se depender da minha voz e da minha orientação, é Otto. Se ele vai querer ou não, é outra situação. Mas dentro do meu partido, o nome proposto é esse.

O senhor aceitaria se o nome posto fosse o seu? 

Se for missão, estarei pronto para cumprir. Se não for, tenho uma missão de tentar fazer Otto governador da Bahia.

O PSD tem pré-candidato a prefeitura de Salvador em 2020?

Estamos com 2020 na porta. Espero que o nosso partido tenha um nome a prefeitura de Salvador. Manassés foi o deputado mais votado em Salvador, pelo nosso partido. Ele não conseguiu a eleição para deputado federal, mas é um nome forte. Temos o deputado Antônio Brito, que tem boa inserção em Salvador. Nomes do partido estão surgindo e vamos trabalhar para filiar outros. Tem pessoas que tentaremos atrair para o PSD, para trabalhar a candidatura também em Salvador e nas grandes cidades da Bahia.

Bruno Reis foi um nome importante na sua candidatura à presidência da Assembleia e chegou a convidá-lo publicamente para o MDB…

E agora eu vou convidá-lo publicamente para o PSD.

Se fosse o nome de Bruno Reis a prefeitura de Salvador, você daria esse apoio?

Vou ter que apoiar o nome do meu partido. Se o ex-deputado quiser se filiar ao PSD, não terá objeção de Otto e de ninguém. Ele se tornaria um player para disputar a eleição.

Surgiu a informação de que havia um acordo com o PCdoB para dar a oportunidade do seu suplente, Davidson Magalhães, assumir eventualmente o Senado. Existe esse acerto?

Eu nunca tratei com o PCdoB e com Davidson a minha retirada para que ele assuma. Isso é uma questão de ordem pessoal. Posso até daqui a três anos e meio, período da campanha, me afastar do cargo para que ele assuma e amplie seu nome e leque de apoio, caso saia candidato. Porém não existe nenhum acordo escrito ou verbal que trocou o apoio do PCdoB por cargo.

Qual será a sua postura enquanto senador? Existirá diálogo com Jair Bolsonaro ou o senhor fará oposição ao novo governo? 

Eu me elegi na Bahia com um grupo político. As nossas decisões tomaremos em bloco. Cada senador tem o seu ponto de vista e pode ocorrer que eu defenda algo que não seja do mesmo sentimento de Wagner e Otto. Vamos fazer um esforço para que os senadores da Bahia tomem posições únicas. Mas precisamos dar crédito ao governo Bolsonaro para que ele mostre o que quer fazer para o Brasil. Pelo menos 180 dias. Não adianta fazer oposição xiita. Vamos dar oportunidade para que o presidente faça o que ele defendeu nos seus palanques e que venha agradar a população brasileira.

Não descarta votar em uma proposta enviada por Bolsonaro?

Se for em benefício para o povo brasileiro e principalmente do meu estado, a Bahia… Tenho certeza que não teria nenhum problema de votar favorável.

Você foi eleito senador recebendo muito apoio dos seus colegas de chapa. Nas propagandas eleitorais de Wagner, por exemplo, o ex-governador passava mais tempo falando de você do que da própria campanha. A candidatura à presidência do Senado é uma forma de conseguir mais capital político eleitoral para reforçar o seu nome?

A eleição majoritária te torna conhecido no estado todo. Eu era um deputado conhecido em, talvez, 10% da Bahia. Quando entrei na majoritária, abri um leque de conhecimentos e encontros com muita gente da classe política. Isso fortaleceu meu nome como fortaleceria o nome que qualquer um que estivesse no meu lugar.

Qual o balanço que você faz dos dois anos de mandato como presidente da AL-BA?

Muito produtivo, principalmente nas atividades parlamentares. Nós fechamos os dois anos de mandato com aproximadamente 3.230 proposições aprovadas pela AL-BA. É uma marca bastante considerável, principalmente no mundo que vivemos hoje com a depreciação do Poder Legislativo em todas as esferas. Em todos os espaços, conseguimos implementar atividades parlamentares e a visibilidade da casa. A gente partiu para humanizar. A AL-BA antes era uma casa gélida em que os parlamentares chegavam de dia, na segunda-feira e terça, sem uma ressonância direta com a sociedade. A gente implantou a Assembleia do Carinho, voltamos a Casa para essa parte mais social. No início foi uma polêmica com o Ministério Público (MP) que achava que a AL-BA não tinha a prerrogativa, mas fizemos ver o próprio MP que os convênios eram de grande valia para ajudar carentes. Fizemos convênios com o Martagão Gesteira, Aristides Maltez, Irmã Dulce, Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA). Isso deu para a gente uma validação pessoal de ver que na privada pública podemos ajudar aqueles que mais precisam. Para esse processo, contei muito com minha esposa Eleusa Coronel, que foi idealizadora do programa Assembleia de Carinho e agora quer fazer o Senado de Carinho. Do jeito que eu a conheço, é capaz de Eleusa conseguir esse espaço na Câmara Alta para levarmos algumas experiências do parlamento baiano. Espero que isso aconteça. Quero fazer o Sena Voice. O Senado tem 5 mil servidores. Quem sabe a gente consegue descobrir alguns artistas que estão lá, sem ter a oportunidade de se apresentarem para o grande público.

Neste fim de ano, houve críticas por parte dos deputados por causa dos cortes e do turnão que o senhor implementou na Casa. Existiu algum problema de transparência em relação a essas medidas tomadas?

O turnão é um praxe da Casa que ao longo dos anos fecha o restaurante nos meses de dezembro e janeiro. Eu antecipei o fechamento, pois o contrato da empresa estava expirado e precisava ter um prazo hábil para licitar outro. Na reabertura dos trabalhos em fevereiro, o novo presidente encontrará um restaurante ativo e um novo contrato. É claro que quando se fala de cortar benefícios sempre se causa ruído. Alimentação é um benefício, mas a gente tem que ter coragem para tomar decisões que também não venha ao agrado de 100%. Eu tinha que preservar a Casa que não poderia ficar com restaurante sem contrato. Decisões duras sempre causam dissabor em alguns. Uns compreendem, outros aproveitam para fazer o oba-oba, pois não tem conteúdo para falar algo construtivo e só pensam que é depreciando que se mantém na vida pública.

O senhor devolveu R$ 555 mil reais ao Estado no último ano, mas nesse travou debate com Rui sobre suplementação. O que aconteceu com os recursos da Casa?

Nós tínhamos recursos em caixa. O que existe é uma certa divergência na questão financeira e orçamentária. A suplementação não significa que o dinheiro chega, mas que o dinheiro é remanejado dentro do que foi aprovado na Lei Orçamentária Anual (LOA). Se eu tenho recursos para pessoal, mas não tenho para manutenção, preciso publicar o remanejamento de verba de um setor para outro. Não significa que você está remanejando dinheiro, mas a maneira de usar esse dinheiro. O orçamento é único e a suplementação faz parte do orçamento. Quando AL-BA votar um orçamento, ela não vota somente o da própria Casa, como também o do Estado. O que Rui assina no Diário são remanejamentos do dinheiro. Tira de uma secretaria, coloca em outra, no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) ou na AL-BA. Preciso deixar claro que não houve rombo. A Assembleia é uma das mais austeras do Brasil e Nelson Leal deve continuar com esse padrão.

O pedido de suplementação pode ser atrelado a orçamento deficitário? 

Quando tivemos, no ano passado, a votação do novo orçamento da AL-BA, eu já tinha colocado o valor que solicitei ao governador de suplementação e ele me pediu que esperasse até o final do ano que ele cumpriria a solicitação. A mesma solicitação deve acontecer em 2019. O futuro presidente vai pedir algo para complementar, já que o orçamento votado em 2018 também não será suficiente para fazer frente às despesas da Casa. Quando aprovamos o pagamento para vigor em 2018, no meio do caminho surgiu o plano de cargos e salários que teve impacto de R$ 60 milhões somados ao gasto com os aposentados que custam R$ 13 milhões. Quem paga os aposentados da AL-BA é a própria a casa. Só com esses adventos, temos R$ 70 milhões de impacto para pagar. O governador mandou R$ 60 milhões. Só aí temos R$ 10 milhões que foram agravados pelo incêndio no meio do ano. Um incidente que o seguro está bancando, mas que estamos aproveitando para fazer reformas para evitar novos incidentes.

O que fica de desafio para o futuro presidente Nelson Leal?

Manter a independência do Poder Legislativo. Qualquer presidente que venha me suceder tem que manter a altivez da AL-BA. Isso não significa criar briga, mas mostrar que o Poder Legislativo não é um anexo do governo.

 

 

Por Rebeca Menezes e Lucas Arraz

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