O petróleo vive mais um dia histórico no mercado internacional. Com a demanda congelada em todo o mundo, devido ao avanço da pandemia do coronavírus, a cotação da commodity do tipo West Texas Intermediate (WTI), referência no mercado americano, despencou para o preço mais baixo da história. Depois de abrir a segunda-feira, 20, sendo negociado a 17,73 dólares, o contrato futuro de maio era vendido, às 14h50, a 1,10 dólar – o menor valor já visto na história. A queda supera os 93%, uma variação negativa diária nunca antes vista. Apesar de o contrato de maio já não ser o mais negociado e expirar amanhã, o tamanho do tombo carrega um simbolismo importante em meio às projeções recentes de queda da demanda.
Os investidores começaram uma corrida nesta segunda-feira para vender os contratos que vencem amanhã, porque ninguém quer receber a entrega física, já que a capacidade de armazenamento nos Estados Unidos está chegando ao limite, com o congelamento da demanda global. Como todo mundo quer vender, o preço despenca. Embora os contratos com vencimento para junho do WTI também estejam em queda, de 13%, a 21,87 dólares o barril, ainda se mantêm acima do fechamento da semana passada.
Com a queda da demanda global pela commodity, os estoques de petróleo estão chegando ao limite na cidade de Cushing, em Oklahoma, importante centro de armazenamento do mercado petrolífero. Por outro lado, as perdas de petróleo do tipo Brent, negociado em Londres, estavam menores, caindo 7%, para 26,20 dólares por barril. Mesmo após a Opep e seus aliados concordarem com o maior corte de produção de todos os tempos, com o objetivo de conter os preços, as cotações do petróleo continuam caindo. Os investidores não estão convencidos de que os cortes anunciados possam compensar a queda da demanda pela commodity, já que o coronavírus impede a sociedade de funcionar normalmente.
Outro ponto importante é a incerteza em torno da capacidade do armazenamento dos estoques de petróleo. Há relatos de compradores da região do Texas estarem oferecendo apenas 2 dólares por barril em alguns negócios, aumentando a possibilidade de que os produtores possam estar prestes a pagar para que o produto seja retirado de suas mãos. A China anunciou na sexta-feira, 17, a sua primeira contração econômica em décadas – uma indicação do que está por vir em outras grandes economias que ainda precisam emergir dos bloqueios causados pelo coronavírus.