De suspender todos os voos a reduzir o salário de seus funcionários, as companhias aéreas latino-americanas tomam medidas extremas e clamam por ajuda estatal diante da expansão do coronavírus, que pode causar perdas de 15 bilhões de dólares este ano.
“A indústria das companhias aéreas enfrenta sua crise mais grave. Em algumas semanas, nosso pior cenário anterior parece melhor que nossas estimativas mais recentes”, afirmou na terça-feira Alexandre de Juniac, diretor da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
Se as restrições de viagem durarem até três meses e, em seguida, for gerada uma lenta recuperação da economia mundial, a demanda por passagens cairá 41% ao ano, o que causará perdas de cerca de 15 bilhões de dólares na América Latina, de acordo com um relatório da IATA.
Em nível mundial, a redução chegaria a 252 bilhões de dólares.
As restrições governamentais de mobilidade e a incerteza sobre quanto tempo durará a pandemia são os principais problemas para o futuro, especialmente para a chileno-brasileira LATAM e a colombiana Avianca, as duas maiores companhias da região, que já lidavam com problemas econômicos.
O esperado apoio estatal
O panorama sombrio fez com que várias companhias aéreas da região lançassem um apelo urgente aos governos por ajuda financeira que lhes garanta liquidez.
No Brasil, onde a indústria aérea emprega 840.000 pessoas, o governo anunciou medidas como o adiamento por seis meses do pagamento de taxas de navegação aérea entre março e junho, a flexibilização dos prazos de reembolso de voos cancelados, e o adiamento do pagamento dos direitos de concessões aeroportuárias até 18 de dezembro.
Estas medidas darão um alívio a companhias como Gol e Azul, que sofreram uma desvalorização do mercado de mais de 80% desde o fim de fevereiro, quando o novo coronavírus registrou sua primeira vítima mortal no Brasil.
LATAM, considerada a maior da região, também pediu auxílio estatal, recebendo duras críticas das autoridades chilenas.
Medidas urgentes
Com mais de 43.000 trabalhadores distribuídos em seu centro de operações no Chile e filiais na Argentina, Brasil, Peru, Equador, Colômbia e Paraguai, a LATAM também negocia com os sindicatos a redução de 50% do salário de seus funcionários durante os próximos três meses.
Avianca suspendeu temporariamente 100% de seus voos comerciais domésticos e internacionais.Também anunciou que 12.000 de seus 20.000 funcionários terão licensas não remuneradas, de um a seis meses.
A panamenha COPA suspendeu todas as suas operações por um mês, assim como a chilena de baixo custo SKY Airlines, que colocou a disposição suas aeronaves para uso humanitário.
Aeroméxico anunciou restrições de viagem aos Estados Unidos para passageiros que 14 dias antes de seu voo tenham estado em nações que registraram uma expansão do coronavírus.