O líder norte-coreano Kim Jong Un declarou emergência e medidas de bloqueio em uma cidade fronteiriça do país por conta da Covid-19. Segundo a mídia estatal informou neste domingo (26), uma pessoa suspeita de estar infectada com o novo coronavírus retornou da Coreia do Sul depois de atravessar ilegalmente a fronteira.
Se confirmado, seria o primeiro caso oficialmente reconhecido pelas autoridades norte-coreanas.
Kim convocou uma reunião de emergência do Politburo em resposta ao que ele chamou de “situação crítica na qual se pode dizer que o vírus tenha entrado no país”, relatou a agência KCNA.
“Um evento de emergência aconteceu na cidade de Kaesong, onde um fugitivo que foi ao sul há três anos, uma pessoa suspeita de ter sido infectada pelo vírus retornou em 19 de julho depois de cruzar ilegalmente a linha de demarcação”, disse a KCNA.
A agência não informou se a pessoa havia sido testada, mas disse que “um resultado incerto foi obtido a partir de vários exames médicos da secreção do órgão respiratório superior e do sangue dessa pessoa”, levando os funcionários a colocar o paciente em quarentena e investigar alguém que possa ter tido contato.
Um analista sobre a Coreia do Norte considerou o anúncio importante, não apenas porque a Coreia do Norte estava relatando pela primeira vez um caso suspeito de coronavírus, mas também porque sugeria que estava pedindo ajuda.
“É um momento de quebra de gelo para a Coréia do Norte admitir um caso”, disse Choo Jae-woo, professor da Universidade Kyung Hee.
“Pode ser pedir ajuda ao mundo. Talvez ajuda humanitária”.
A Coreia do Norte está sob enorme pressão econômica por causa de sanções internacionais sobre seu programa nuclear.
Cho Han-bum, membro sênior do Instituto de Unificação Nacional da Coréia em Seul, disse que é significativo que a Coreia do Norte esteja relatando que seu primeiro caso suspeito de coronavírus foi importado.
“A Coreia do Norte está em uma situação tão terrível, onde eles nem conseguem terminar a construção do Hospital Geral de Pyongyang a tempo. Apontando a culpa para um ‘caso importado’ da Coréia do Sul, o Norte pode usar isso como uma maneira de aceitar abertamente a ajuda do Sul “, disse Cho.
A KCNA não detalhou como o “fugitivo” havia atravessado uma das fronteiras mais bem guardadas do mundo, mas disse que o incidente estava sendo investigado e que a unidade militar responsável enfrentaria “punições severas”.
Autoridades sul-coreanas estavam checando se um desertor havia realmente voltado para o Norte este mês, informou a agência de notícias Yonhap do Sul.
A Coreia do Norte recebeu milhares de kits de testes de coronavírus da Rússia e de outros países e impôs rigorosos fechamentos de fronteiras.
Milhares de pessoas na Coreia do Norte também foram colocadas em quarentena, uma vez que foram tomadas precauções para evitar um surto de coronavírus, mas as restrições foram reduzidas recentemente.