Aqueles que esperam por um transplante de coração costumam enfrentar não só seu próprio problema cardíaco, mas também um dilema de oferta e demanda: em todo o mundo o número de pacientes aguardando para receber um coração novo é muito maior do que a oferta de órgãos a serem utilizados em transplante. Por isso é tão impactante a novidade da empresa francesa Carmat, ao anunciar o lançamento de um coração artificial a ser posto no mercado já no segundo trimestre de 2021 – intitulado Aeson pretende revolucionar o universo da medicina cardíaca e do uso de tecnologias na medicina.
Pesando 900 gramas e funcionando por bateriais, o Aeson utiliza matéria biológica para compreender qual tarefa precisa realizar a cada momento, e é resultado de décadas de pesquisa e trabalho pela empresa. “A ideia por trás desse coração, que nasceu há cerca de 30 anos, era de criar um dispositivo capaz de substituir os transplantes de coração”, afirmou Stéphane Piat, CEO da Carmat, dando a possível dimensão do impacto do lançamento. Segundo a Piat, trata-se de um “dispositivo que funciona fisiologicamente como um coração humano, pulsante, auto regulável e compatível com o sangue”, concluiu.
O equipamento, portanto, conecta tecnologia artificial a partes biológicas, utilizando bateria fluidos atuantes para funcionar – tal qual um coração normal. A bateria de lítio e os fluidos vêm em um pequeno compartimento, pesando menos de 5 quilos. Uma reportagem francesa entrevistou um senhor que recebeu o Aeson em 2015, e que “nunca se sentiu tão bem”, de acordo com a matéria. “Eu ando, me levanto e me inclino 15 vezes por dia sem qualquer problema. Me mantenho equilibirado, não me incomodo, eu nem penso sobre isso”, afirmou. Segundo consta, o senhor voltou a andar de bicicleta e a praticar o judô depois de receber o coração artificial francês.
No Brasil, a espera por um coração pode levar meses, e estima-se que cerca de 1 mil pessoas morram do coração por dia no país. Na Europa e nos EUA essa fila é de mais de 100 mil pessoas.