O mercado financeiro espera que a taxa básica de juros da economia, a Selic, chegue a 10,75% nesta semana. Atualmente, após sete altas seguidas, a taxa Selic está em 9,25% ao ano, o maior patamar em mais de quatro anos. Nesta terça e quarta-feira (1º e 2 de fevereiro), o Comitê de Política Monetária (Copom) vai se reunir e deve anunciar nova alta.
Segundo Aryel Fernandes, da revista IstoÉ Dinheiro, confirmado o aumento, a taxa alcançará o maior patamar desde 2017. Até o final deste ano a taxa deve alcançar um total de 11,75%. Para o fechamento de 2023, a expectativa do mercado para a taxa Selic permaneceu estável em 8% ao ano, com o mercado estimando queda dos juros no ano que vem.
Já para a inflação, a expectativa divulgada nesta segunda-feira (31) pelo Banco Central, é de 5,38% em 2022 e 3,50% em 2023. Se confirmada a previsão, será o segundo ano seguido de estouro da meta de inflação, que chegou a 10,06% em 2021. O teto da meta, cujo centro é de 3,5%, tem margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2023 a projeção mediana está acima do centro do objetivo, que é de 3,25%.
Para o Produto Interno Bruto (PIB), a pesquisa semanal com uma centena de economistas mostrou que as estimativas são de crescimento de 0,30% este ano e de 1,55% no próximo, respectivamente de 0,29% e 1,69% no levantamento anterior.
O que esperar?
O especialista da iHUB Investimentos, Daniel Funabashi, destaca que o mercado já está se preparando para a Selic a 10,75% desde o ano passado. Com isso, os investimentos de renda fixa devem ser a principal escolha dos investidores no País. Isso pode causar alguns impactos nos investidores estrangeiros fazendo com que o dinheiro saia da bolsa de valores.
“O brasileiro não tem uma cultura de investimento de risco. O crescimento do número de investidores na bolsa, por exemplo, foi devido à queda da Selic, que chegou a atingir 2% ao ano, a mínima histórica. Com a volta dos juros de dois dígitos, é natural que as pessoas voltem a fugir do risco, buscando a renda fixa”, explica Funabashi.
Funabashi explica que o olhar dos investidores estrangeiros para o Brasil está principalmente na questão fiscal e do teto de gastos. “Essas duas questões darão o tom da economia brasileira nos próximos anos. Caso o Brasil não seja responsável com as contas públicas, a inflação continuará alta, o dólar tende a valorizar mais e os juros, consequentemente, terão que continuar altos por mais algum tempo, impactando a economia”.