O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central anunciou mais um corte de 0,75 ponto da Selic nesta quarta-feira (6). Desta maneira, a taxa básica de juros caiu para 3%, o menor nível da história. A redução foi maior do que a era esperada por analistas do mercado, que previam um corte de 0,5%. É a sétima redução consecutiva de juros básico no Brasil.
O Copom ainda admite que é possível que haja um novo corte na próxima reunião, mas não maior do que o realizado atualmente. Ou seja, a taxa de juros ainda pode ter um corte para até 2,25% no próximo encontro. A última vez que a taxa foi cortada em 0,75 ponto foi em outubro de 2017.
“A conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado, mas reforça que há potenciais limitações para o grau de ajuste adicional”, diz o comunicado. “Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário.”
A decisão ocorre em um momento em que a atividade econômica está sendo bem atingida pela pandemia do novo coronavírus e a inflação segue em patamares baixos. Essa, inclusive, foi uma das justificativas do Copom para o corte.
“Nesse contexto, apesar da provisão adicional de estímulos fiscal e monetário pelas principais economias, e de alguma moderação na volatilidade dos ativos financeiros, o ambiente para as economias emergentes segue desafiador, com saída de capitais significativamente superior à de episódios anteriores”, disse o comunicado.
Ainda no comunicado, o comitê admite que os impactos da pandemia na economia devem ser maiores do que os esperados na última reunião do Copom.
“Indicadores de maior frequência e tempestividade, referentes ao mês de abril, mostram que a contração da atividade econômica será significativamente superior à prevista na última reunião do Copom”, completou.
Renovando a mínima da série histórica iniciada em 1999, a queda dá continuidade ao movimento de redução do juros o Brasil iniciado em julho de 2019. No entanto, diverge da última decisão de bancos centrais estrangeiros. Na semana passada, tanto o Federal Reserve (FED), o banco central americano, como o Banco Central europeu optaram por manter os juros em patamares próximos dos 0%.
Com uma forte recessão sendo cada vez mais precificada pelo mercado, o consenso de especialistas é que o BC continue baixando os juros para destravar o máximo que puder da economia. Isso acontece porque os juros mais baixos barateiam o crédito e estimulam o consumo e investimentos. A inflação, que pode ser impactada com esse estimulo ao consumo, não é um problema atual na economia brasileira.
Por outro lado, o câmbio mostra que os investidores estrangeiro estão tirando seu dinheiro do país. Nesta quarta-feira, a moeda americana atingiu o seu maior valor nominal na história ao alcançar R$ 5,70.
Inflação
Para 2020, o Copom projeta uma inflação de 2,3%, abaixo da meta de 4%, que tem como tolerância 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
Para o ano que vem, a previsão é de 3,2%. Ambas as previsões assumem um cenário dos juros em 3,75% ao ano e taxa de câmbio de R$ 5,55. Vale destacar que a taxa Selic é o principal mecanismo do Banco Central para controlar a inflação e buscar o centro da meta.
A edição desta semanada do relatório semanal Boletim Focus do BC, que reúne as expectativas do mercado financeiro para os principais indicadores macroeconômicos, trouxe uma previsão de uma Selic a 2,75% ao ano e uma inflação de 1,97% em 2020.