A cúpula do PSDB escolherá nesta quinta-feira (30) o novo presidente do partido em convenção marcada pelo embate entre o grupo do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e do deputado federal Aécio Neves (MG). A tentativa de lançar uma chapa única em torno do ex-governador Marconi Perillo acabou frustrada segundo Vera Rosa, do Estadão, na última hora, escancarando o racha nas fileiras do PSDB, hoje presidido por Leite.
Perillo é apoiado por Aécio, mas o ex-senador José Aníbal, aliado de Leite, também entrou na disputa. “Eu me lancei candidato e proponho construir uma plataforma com diretrizes claras para voltarmos a ter protagonismo na política”, disse Aníbal ao Estadão. O ex-senador presidiu o PSDB de 2001 a 2003.
No ano passado, o PSDB sofreu mais uma derrota ao perder o governo de São Paulo, Estado que administrava há quase três décadas. Após uma debandada de tucanos históricos, como Geraldo Alckmin – hoje vice-presidente da República – e a saída do ex-governador João Doria, o partido acabou sem candidato próprio ao Palácio do Planalto e suas alas entraram em guerra.
Leite tentou construir uma chapa liderada pelo ex-senador Tasso Jereissati para a presidência do PSDB, mas não conseguiu. Motivo: Tasso e Aécio são desafetos e não houve acordo.
O governador gaúcho promoveu, recentemente, intervenções nos diretórios do PSDB na capital paulista e no Estado, mas o grupo de Aécio vem ganhando força. “Marconi Perillo já está eleito”, disse o senador Izalci Lucas (PSDB-DF).
A composição do novo Diretório Nacional do PSDB começou a ser definida nesta quarta-feira, 29, por sistema eletrônico de votação. Nesta quinta, 30, haverá a eleição do presidente do partido e quem quiser poderá votar de forma presencial, em Brasília.
Prévias causaram trauma nas fileiras tucanas
Nas prévias realizadas pelo PSDB para a escolha do candidato à Presidência, há exatos dois anos, Aécio apoiou Leite, em um movimento que tinha como objetivo derrotar Doria. Mesmo assim, Doria venceu a eleição interna. Pressionado pelo próprio partido, no entanto, o ex-governador renunciou à candidatura e, onze meses depois, pediu desfiliação. O PSDB fez aliança com o MDB, que lançou Simone Tebet, hoje ministra do Planejamento.
“Ainda não nos recuperamos do trauma das prévias”, afirmou Perillo, que também adotou o discurso da necessidade de reunificar o partido. O ex-governador disse que vai trabalhar “incansavelmente” para o PSDB ter um concorrente à sucessão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2026.
O pré-candidato a essa indicação é Eduardo Leite. Na outra ponta, Aécio se prepara para disputar o governo de Minas.
“A partir de agora, temos uma ótima oportunidade para o PSDB se recuperar”, argumentou Aníbal. “O PSDB não vai se recuperar apenas em torno de imunidade partidária”.
Aécio era senador e presidente do PSDB quando, em 2017, foi acusado de pedir propina de R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da JBS, em troca de favores no Congresso. Em julho deste ano, o Tribunal Regional da 3.ª Região (TRF-3) manteve sua absolvição por unanimidade.
Perillo, por sua vez, chegou a ser preso em 2018. Foi acusado de corrupção passiva e organização criminosa em caso envolvendo suspeita de pagamentos da empreiteira Odebrecht.
No ano passado, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes anulou medidas da investigação contra Perillo, tornando inviável o processo contra ele. O ex-governador ainda tentou se eleger para uma cadeira no Senado, mas foi derrotado.